Fim da linha

Brasil vacila na prorrogação, perde da Croácia nos pênaltis e está fora da Copa do Catar

Seleção brasileira tinha o jogo na mão quando cedeu o empate que levou aos pênaltis. Errou duas cobranças e deu adeus à Copa

©Fifa/Divulgação
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Bruno Petkovic chuta para empatar a partida e levar a disputa aos pênaltis que eliminaram o Brasil de mais uma Copa do Mundo

São Paulo – A seleção brasileira não passou por mais um teste físico e tático na Copa do Catar e está fora precocemente do mundial mais uma vez. O Brasil perdeu para a Croácia nos pênaltis por 4 a 2 depois de sair na frente durante a prorrogação e ceder o empate no final. Agora, a Croácia espera o vencedor de Holanda x Argentina na semifinal. Limitada, porém eficiente, a seleção croata superou o time que jogou melhor por 120 minutos, mas vacilou quando estava praticamente com o jogo na mão.

O jogo terminou sem abertura de placar nos 90 minutos regulamentares. Na prorrogação, Neymar conseguiu furar o bloqueio croata aos 15 minutos do primeiro tempo, após definir com drible e beleza uma jogada iniciada por ele mesmo na intermediária. O ingrediente que faltou durante todo o jogo – o drible, a ginga – enfim apareceu.

Cauteloso e paciente todo o tempo, o Brasil, porém, deixou a Croácia jogar quando menos se esperava. Com vantagem no placar, a seleção conseguiu desarrumar seu esquema defensivo e dar espaço para um contra-ataque fatal, aos 11 minutos do segundo tempo.

O destino seria selado nos pênaltis, vencidos pelos croatas, depois de Rodrygo errar a primeira e Marquinhos, a quarta cobrança. Os croatas não erraram nenhum dos quatro pênaltis que bateram. A seleção dá adeus à Copa do Catar e à era Tite mais uma vez sem passar das quartas de final.

O jogo

O técnico manteve expectativas e iniciou o jogo contra a Croácia com o mesmo time do Brasil que venceu a Coreia do Sul por 4 a 1 na segunda-feira (5). O lateral-esquerdo Alex Sandro se recupera de lesão e seguiu fora. O primeiro tempo foi marcado pelo tédio, com excesso de cautela de ambos os lados. O time do Brasil dominava a posse de bola, mas chegava poucas vezes ao gol da Croácia, e sem perigo. Do outro lado, com o a seleção croata estudando a postura brasileira e marcando em seu campo de defesa, Alisson praticamente não trabalhou.

A seleção brasileira fez lembrar, na maior parte do jogo, a do tetra, de 1994. Devagar na criação e eficiente no sistema defensivo, mas sem um definidor como Romário.

No segundo tempo a Croácia saiu mais para o jogo e chegou a equilibrar a posse de bola por alguns momentos. Mas sempre sem levar perigo ao gol brasileiro. Antony, no lugar de Raphinha, e Rodrygo, no de Vinicius Jr., entraram para tentar mudar o jogo ainda no tempo regulamentar.

Segundo tempo

O time do Brasil começou intenso e reclamou de um pênalti não marcado aos 2 minutos do segundo tempo, após um toque de mão do zagueiro não ser reconhecido como faltoso pelo VAR. Segundos antes, o ataque levou perigo por duas vezes à área da Croácia, uma delas com intervenção do goleiro Livakovic.

Cautelosa, mas ofensiva, a seleção ameaçou novamente o arqueiro croata aos 9 minutos. Um chute cruzado de Richarlison no bico esquerdo da pequena área obrigou Livakovic a fazer boa defesa. O goleiro trabalhou novamente após novo desvio de Richarlison de cruzamento vindo da direita.

Aos 20 minutos, o lance mais perigoso: Neymar deixou Lucas Paquetá na cara do gol, mas o meia para nas mãos de Livakovic, muito seguro no jogo. Aos 30, Neymar avança pela esquerda e chuta rasteiro, fraco, para mais uma defesa de Livakovic.

Aos 35, mais uma vez Paquetá recebe de Neymar dentro da área e chuta fraco para defesa do goleiro, que trabalhou muitas vezes no segundo tempo, mas sem nenhuma defesa difícil. Dois minutos depois Neymar cruza para Richarlison subir de cabeça e, da marca do pênalti, mandar por cima do gol. Em seguida, ele saiu para entrada de Pedro.

Aos 39, defesa brasileira tabela com dificuldade para sair de sua área e Alisson é obrigado a dar chutão. Aos 40, mais um ataque promissor do Brasil com Militão esbarrou na zaga croata.

A seleção da Croácia passou a trocar passes em seu campo de ataque para tirar o perigo de sua área na reta final, esperando a prorrogação.

O time brasileiro se manteve seguro, mas evitando correr riscos. A tranquilidade demonstrada nos outros jogos, porém, pareceu abalada. Isso ficou demonstrado pela falta de precisão nos passes e chutes a gol precipitados e sem objetividade, como o de Antony aos 49 minutos.

Prorrogação

Os primeiros minutos da prorrogação escancararam uma postura de ataque brasileiro contra a defesa croata. Mas se sobrava tranquilidade ao Brasil para dominar o jogo sem se expor, faltava a inspiração do drible, a ousadia do chute de longa distância, a sede de gol em meio ao deserto.

“Fingindo-se de morta” enquanto os brasileiros se cansavam, a seleção da Croácia passou a oferecer perigo nos contra-ataques. Aos 11 minutos, o gol de Alisson, enfim, foi ameaçado. Petkovic livrou-se de dois marcadores e deixou o volante Brozovic de frente para o gol, mas ele mandou a chance para longe.

O castigo veio. A Croácia colocou o time todo atrás e assistiu ao Brasil sair de seu campo defensivo sem objeções. No último minuto do primeiro tempo, Neymar pegou a bola na intermediária, conduziu até tabelar com Rodrygo na entrada da área e receber de volta já de frente para o gol. Com ginga, deixou o goleiro no chão e marcou um golaço.

O segundo tempo da prorrogação transferiu a responsabilidade aos croatas de saírem, enfim, para o jogo. O time parecia não ter forças para superar a frieza brasileira.

Porém, o Brasil tentou aproveitar o bom momento para liquidar de vez a Croácia e acabou se empolgando – e se desorganizando. Livre de marcação, Modric iniciou contra-ataque e lançou Vlasic, que rapidamente viu Orsi na ponta esquerda. Ele cruzou rasteiro para a entrada da área e Petkovic pegou de primeira, a bola desviou em Marquinhos e a Croácia empatou.

Primeiro a cobrar os pênaltis decisivos, o meia Rodrygo chutou fraco e quase no meio do gol para defesa do goleiro croata. O Brasil converteu as duas cobranças seguintes, com Casemiro e Pedro, e voltou a perder com Marquinhos, que acertou a trave. Os croatas acertaram suas quatro cobranças e eliminaram o Brasil pela quarta vez consecutiva, interrompendo o sonho do hexacampeonato mundial.

Desse modo, a Croácia enfrenta Holanda ou Argentina na próxima terça, às 16h. Os atuais vice-campeões seguem com chance de chegar a mais uma final.