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Após ‘afronta’, COB aumenta punição de Wallace e suspende Confederação Brasileira de Vôlei

Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil reagiu de forma dura à afronta do Sada/Cruzeiro e da CBV, que colocaram Wallace para jogar a final da Superliga no domingo (30) mesmo após suspensão por ameaça de morte ao presidente Lula

Fernando Frazão/Agência Brasil
Fernando Frazão/Agência Brasil
Confederação, time e jogador desafiaram decisão do Comitê Olímpico após incitação a crime cometida em seu perfil na rede social Instagram: punição aumentada

São Paulo – O Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (Cecob) decidiu por unanimidade, nesta terça (2), aumentar a suspensão de competições de vôlei oficiais para o jogador Wallace Leandro para cinco anos. O atleta estava suspenso desde fevereiro por incitar ataques a tiros ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu perfil na rede social Instagram.

Wallace deveria ficar fora das quadras até esta quarta (3), após 90 dias da primeira decisão. No entanto, o jogador, seu time Sada/Cruzeiro e a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) desrespeitaram a decisão do COB e permitiram que ele jogasse a final da Superliga, no domingo (30).

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A partida começou com Wallace no banco. Ao entrar na quadra, ele chegou a ser vaiado. A comissão técnica do Sada/Cruzeiro o colocou para jogar quando a equipe já estava dominando a final, justamente para ele ser o autor do ataque final que garantiu o título do clube, que venceu por 3 sets a 0.

A atitude foi recebida por conselheiros do Cecob como provocação, de acordo com a coluna Olhar Olímpico, do portal UOL. A avaliação é que o Sada/Cruzeiro não precisava do jogador que, por sua vez, só tinha mais três dias de suspensão para cumprir.

Em resposta à afronta, o órgão reagiu de forma “duríssima” e não só aumentou a suspensão do atleta, como também suspendeu por seis meses a CBV, recomendando ainda que o Banco do Brasil e o Ministério do Esporte cortem repasses à entidade pelo mesmo período.

O presidente em exercício da confederação, Radamés Lattari Filho, também foi suspenso de todas as atividades esportivas vinculadas ao COB e seus filiados por um ano.

Provocação no Instagram

A decisão desta terça foi assinada pelo conselheiro relator Ney Bello, que é também desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Para os conselheiros do COB, a CBV “não apenas utilizou-se de artifícios para descumprir a decisão do Comitê Olímpico do Brasil, como permitiu a inscrição do atleta em jogo por ela promovido, desconsiderando decisão da entidade”.

Reprodução/Twitter
Em post no Instagram, time de Wallace ainda ironizou “era do cancelamento”. COB também recomendou suspensão de repasses do BB (Foto: reprodução)

Logo após o título, a página do clube no Instagram publicou também ironizando a decisão, destacando o desempenho de Wallace na “era do cancelamento, das opiniões absolutas e da polarização extrema.”

“Quis o destino que o último ponto, o do título e o que fechou a temporada, viesse das mãos de Wallace!. Se você torceu contra este momento, pense apenas um pouquinho”, disparou o Sada/Cruzeiro.

Fora da seleção nacional

Wallace e o clube chegaram a conseguir uma liminar no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para que ele jogasse as decisões da Superliga. O Conselho de Ética do COB, porém, alertou que o descumprimento de sua decisão acarretaria em “gravíssimas sanções”.

Em abril, a própria CBV aprovou um Código de Ética punindo casos como o de Wallace. O Sada/Cruzeiro também, inicialmente, entendeu que não valia o risco de escalar o oposto, que ficou fora dos dois jogos da semifinal, segundo o UOL. Mas, horas antes da partida no domingo, o clube mudou de posição.

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A decisão do Cecob desta terça também estabelece que o Comitê Olímpico Internacional (COI) seja comunicado formalmente sobre as sanções aplicadas. Por fim, Wallace, que também ficaria afastado por um ano da seleção brasileira principal, agora também está suspenso por cinco anos e deve ficar fora dos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. Porém, o próprio jogador já havia declarado publicamente que não voltaria a defender o Brasil.