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Na quarta reunião sob novo governo, Copom mais uma vez mantém juros: ‘Paciência’

Taxa se mantém em 13,75%, apesar de pressões e protestos. “Atentado contra a reconstrução do Brasil’, afirma a CUT

Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Marcello Casal Jr./Agência Brasil

São Paulo – Pela sétima vez seguida, a quarta no atual governo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve em 13,75% ao ano a taxa básica de juros, a Selic. Assim, o BC segue se escorando em “critérios técnicos” para manter a taxa, apesar dos protestos vindos do próprio governo, do setor produtivo e dos trabalhadores. A decisão, unânime, era aguardada pelos analistas de mercado.

A diferença, desta vez, é que cresce a expectativa pelo início dos cortes da taxa básica, a partir da próxima reunião do Copom, em 1º e 2 de agosto.

“O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, afirma o Copom em nota divulgada ao final do encontro.

Os defensores da redução dos juros lembram que os indicadores econômicos são positivos. O PIB cresceu acima do esperado no primeiro trimestre e a inflação vem cedendo. Além disso, a tramitação das propostas de “arcabouço” fiscal e reforma tributária parecem avançar, após negociações entre governo e parlamento.

Juros “extorsivos”

Em nota, a CUT afirma que a decisão do Copom de manter os “extorsivos” 13,75%, “mesmo diante de um cenário de queda da inflação e melhoria dos indicadores macroeconômicos é um atentado ao esforço do governo para a reconstrução do Brasil”. A entidade critica especificamente o presidente do BC, Roberto Campos Neto, “um agente do então governo Bolsonaro”.

Para a central, a permanência de Campos Neto e a chamada autonomia do BC “beneficiam a minoria de especuladores e rentistas, em prejuízo da classe trabalhadora, quem produz, comercializa, presta serviços, enfim, da maioria da população, que não aguentam as altas taxas de juros praticadas do Brasil”.

A Força Sindical também protestou. “O aperto monetário do Banco Central está asfixiando não só a atividade econômica e a indústria, mas também o consumo das famílias, a produção e a geração de novos postos de trabalho”, diz a entidade. “Essa política derruba a atividade econômica, deteriora o mercado de trabalho e a renda, aumenta o desemprego e diminui a capacidade de consumo das famílias e, mais, reduz a confiança e os investimentos dos empresários, o que compromete a capacidade de crescimento econômico futuro.”