Estreia e crítica

Lázaro Ramos dirige Taís Araújo em ‘Medida Provisória’. Parceiros avaliam Bolsonaro: ‘Pesadelo, desespero’

Após entraves com a Ancine, primeiro longa-metragem como diretor conta história de um Brasil distópico sob um governo autoritário no qual os negros são expulsos do país e enviados para viver na África

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Taís Araujo, Alfred Enoch e Seu Jorge em cena de Medida Provisória

São Paulo – Após se consolidar com um dos grandes atores do país, Lázaro Ramos, dá início à carreira de diretor. Na semana que vem ele estreia em circuito nacional de seu primeiro longa-metragem, Medida Provisória, cuja temática não poderia ser mais atual. Na história distópica, um governo autoritário publica um decreto que expulsa negros do Brasil e os mandam para a África. Em entrevista ao portal Splash, do Uol, sobre o lançamento da obra, o artista lamentou que o racismo e o autoritarismo seguem como grandes problemas no Brasil. “A gente pensava ‘vamos criar uma distopia do futuro que a gente não quer que aconteça para alertar a sociedade’. Infelizmente, várias coisas aconteceram. É culpa da realidade.”

A obra é baseada em um texto de 2011, e o roteiro é de 2015. De lá para cá, o recrudescimento do autoritarismo saltou aos olhos de Ramos. Logo após a eleição do político radical de extrema-direita Jair Bolsonaro para a presidência, as ameaças começaram. A realização do longa encontrou forte resistência da Agência Nacional do Cinema (Ancine) para ser concluído. Sob o governo de Jair Bolsonaro, a agência que deveria fomentar a produção audiovisual do país tentou barrar a distribuição do filme nas salas do circuito comercial nacional. “Censura nunca mais”, disse Lázaro durante a estreia de “Medida Provisória”, em dezembro do ano passado, no Festival do Rio.

Pesadelo Bolsonaro

A companheira de Lázaro, a atriz Taís Araújo, também com trajetória consagrada em sua carreira, ressaltou a importância do filme neste momento. “A mudança está em nossas mãos”, disse ao Splash. Taís avaliou as dificuldades durante os anos de governo Bolsonaro até aqui. “Não foram quatro anos difíceis. Foram infernais, foram um pesadelo. Desespero, aumento da miséria. A gente andou para trás a galope. Não dá para continuar. O poder está nas mãos do povo.”.

Lázaro concordou com a companheira e lembrou que as eleições de outubro podem ser o caminho para reverter o “pesadelo”, e que está nas mãos de cada cidadão. “Espero que a gente tenha consciência e faça uma escolha diferente. Na última eleição, tinham 11 ou 13 candidatos e o Brasil escolheu ‘isso’. O Brasil experimentou um gosto muito amargo, um gosto perverso (…) Estou ansioso para conseguir ter esperança. Não sei se tenho. Estou fazendo, contribuindo, levando discussões”, completou.

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Na história distópica, um governo autoritário publica um decreto que expulsa negros do Brasil e os mandam para a África