Animação ‘Up-Altas Aventuras’ promete mais do que cumpre

Os 15 minutos iniciais são tão belos quanto criativos e cinematográficos

Filme conta com cópias em 3D e 35mm, todas dubladas (Foto: Divulgação)

São Paulo – Em suas primeiras imagens, a animação “Up – Altas Aventuras”, que estreia nesta sexta-feira (4), é bastante promissora. Os 15 minutos iniciais são tão belos quanto criativos e cinematográficos.

Um garotinho vai ao cinema para assistir a um cinejornal sobre seu explorador preferido, Charles Muntz. Porém, quando este não consegue provar a existência de um pássaro raro, ele cai no ostracismo e some da mídia. O menininho, Carl Fredricksen, não se deixa abater. Conhece uma garota com os mesmo sonhos que ele, se apaixonam, se casam e vivem juntos por décadas – até a morte dela.

Em cinco minutos, o filme é capaz de comprimir com maestria meio século da vida dos dois personagens. A montagem, sem qualquer diálogo, conta apenas a história por meio de imagens de forma hipnótica e com ritmo preciso. Por isso, é uma pena que quando o prólogo acaba e o filme realmente começa, os diretores e roteiristas Peter Docter (“Monstros S.A.”) e Bob Peterson (roteiro de “Ratatouille”) mandam a criatividade e ousadia para a estratosfera e desenvolvem uma história burocrática com um vilão desnecessário e que não convence.

Carl cresce e se torna um velho rabugento e solitário cuja casa é um empecilho para os planos imobiliários de uma construtora, interessada em construir prédios no mesmo quarteirão. Quando finalmente parece que vai ceder e ir para um asilo, ele prende milhares de balões coloridos à chaminé de sua lareira e levanta vôo.

Quando está nas alturas, descobre que tem um passageiro non grato. Trata-se do pequeno gorducho Russel, um garoto hiperativo que precisa ajudar um idoso para ganhar um distintivo de Explorador da Vida Selvagem Sênior.

Como não há outra saída, Carl tem de levar o garoto com ele pois, afinal, já estão voando. Uma série de incidentes os leva até o objeto do velhote: pousar sua casa numa região paradisíaca da América do Sul, que ele e sua mulher sonhavam conhecer.

Docter e Peterson não têm limite de imaginação para o visual, criam uma floresta, cachoeiras e animais, como um pássaro raro de um colorido de encher a tela. No entanto, no campo da narrativa, eles estão presos às convenções preestabelecidas do padrão Disney, mesmo sendo uma produção da Pixar, que fez filmes como “Procurando Nemo” e “Os Incríveis”.

Primeiro: é necessário ter um vilão. Não importa como, não importa quem, mas num dado momento é preciso que um vilão surja na tela para ser um obstáculo ao herói. Aqui, eles resgatam Charles Muntz, que ficou perdido lá no primeiro rolo de filme.

Esse talvez seja o maior problema de “Up – Altas Aventuras”: o personagem e seu desenvolvimento soam tão fora de contexto que não fazem muito sentido. Ele é apenas uma necessidade burocrática para manter a história em movimento.

Cercado de cachorros falantes – graças a um dispositivo inventado por ele – Muntz vive pela obsessão de capturar o pássaro colorido e raro, a quem Russell deu o nome de Kevin. O vilão é uma espécie de Capitão Ahab – o louco obcecado pela cachalote-título de “Moby Dick”.

“Up – Altas Aventuras” estreia em versões 35mm e 3D, todas dubladas em português. O humorista Chico Anysio faz a voz de Carl. Segundo a revista “Variety”, os óculos especiais diminuem em média 20 por cento da luminosidade de um filme. Talvez valha a pena assistir a uma sessão ‘normal’, que destacará o brilhos das imagens coloridas.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

Fonte: Reuters

 

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