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Filme que denuncia genocídio indígena é premiado em Berlim

“O prêmio é extremamente importante para chamar atenção para esse genocídio indígena que está acontecendo no Brasil”, destacou o diretor Luiz Bolognesi, de “A Última Floresta”

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"No momento, os yanomamis estão sob ataque de garimpeiros. Já foram três aldeias atacadas com tiros e bombas, e o governo não toma as medidas legais para retirar os garimpeiros invasores", denunciou Bolognesi

São Paulo – Mesmo fragilizado pelos ataques à cultura, o cinema brasileiro segue demonstrando força nos principais festivais do mundo. Ontem (21), o longa-metragem A Última Floresta, do diretor Luiz Bolognesi, em parceria com o xamã Davi Kopenawa, ganhou o troféu do público na Mostra Panorama, do Festival de Berlim. A temática da obra repete experiência do diretor com o filme Ex-Pajé (2018), que recebeu menção honrosa na Berlinale. É o segundo prêmio de Bolognesi no festival, que já havia sido condecorado com melhor roteiro por Bicho de Sete Cabeças (2001).

A vitória do filme indígena em Berlim, em uma das mais prestigiadas premiações do cinema mundial, tem importância para o cinema e, também, política. O filme chama a atenção para a luta do povo Yanomami pelo direito à vida e à terra em meio a um cenário distópico. Enquanto mineradores invadem suas terras, o governo federal, do presidente Jair Bolsonaro, mantém uma política de descaso com os povos originários.

Atenção ao Brasil

“O prêmio é extremamente importante para chamar atenção para esse genocídio indígena que está acontecendo no Brasil. No momento, os yanomamis estão sob ataque de garimpeiros. Já foram três aldeias atacadas com tiros e bombas, e o governo não toma as medidas legais para retirar os garimpeiros invasores e nem sequer proteger os indígenas”, disse Bolognesi, após a premiação.

O realizador também comentou a necessidade de manter o cinema brasileiro em foco. O momento é de paralisia nos editais e ausência de incentivos no setor audiovisual. Em 2019 e 2020 o Brasil teve mais de dez filmes no festival. Neste ano, quatro. O desmonte bolsonarista do setor audiovisual mostra consequências. “O prêmio do público no Festival de Berlim tem uma relevância imensa. Ganhar um prêmio desses num dos principais festivais do mundo é importante também no sentido do reconhecimento da qualidade do cinema brasileiro”, destacou o diretor do filme indígena vencedor em Berlim.