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Marina e Tarcísio sobrevoam áreas atingidas por deslizamentos no litoral norte de SP

Ministra afirmou que eventos extremos “já são uma realidade”, e disse que vai propor legislação “inovadora” sobre alertas em áreas de risco

Divulgação/GOVSP
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Tarcísio reconheceu que eventos extremos são cada vez mais frequentes: "É um sinal de que alguma coisa mudou"

São Paulo – A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) sobrevoaram na manhã desta quarta-feira (22) áreas afetadas por deslizamentos de terra no litoral norte de São Paulo. Em seguida, visitaram um abrigo instalado no Instituto Verdescola, na Barra do Sahy, em São Sebastião. O prefeito Felipe Augusto (PSDB) acompanhou a comitiva.

Em entrevista à TV Vanguarda – afiliada da Rede Globo – Marina ressaltou que os eventos climáticos extremos “já são uma realidade”. “O que precisamos é fazer os processos de adaptação para que a população não tenha que pagar esse preço cada vez que se instala o processo extremo.”

Nesse sentido, a ministra defendeu ações de planejamento para evitar novas tragédias. “Vamos pensar em ações em todo tempo, não só quando houver emergência, criando sistemas de alertas efetivos, criando cultura de alerta para própria população, sistemas de fuga, processos que sejam planejados”, completou.

Marina relatou que fez uma reunião no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) com a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, para apresentar um plano estruturante de prevenção a eventos climáticos extremos. Ela disse que vai propor uma legislação inovadora que permita a decretação de estado de calamidade antes que os eventos extremos ocorram. “Quando Cemaden emite um alerta, a situação já está instalada”, disse a ministra à CBN.

Alerta ignorado?

Também nesta segunda, o diretor do Cemaden, Osvaldo Moraes, disse que o órgão avisou o governo de São Paulo e a prefeitura de São Sebastião, com dois dias de antecedência, sobre o risco de deslizamentos no litoral norte. Das 48 mortes confirmadas até o momento, 47 foram registradas no município.

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) apura as responsabilidades dos gestores locais na tragédia. Os procuradores vão investigar procuradores vão investigar a falta de iniciativas na remoção de moradores das áreas de risco.

Mudanças climáticas

O governador Tarcísio de Freitas ressaltou o empenho de Marina Silva na luta contra as mudanças climáticas, e disse que vai discutir com a ministra formas de tornar as cidades mais “resilientes” a eventos extremos. “Percebemos que esses eventos serão mais frequentes. A gente teve a maior chuva registrada nesse episódio, nunca choveu tanto, nunca tivemos registro em lugar nenhum do Brasil, nem na Amazônia. Então, é um sinal de que alguma coisa mudou”, disse o governador.

Ele disse que o sobrevoo serviu para dimensionar o tamanho do desastre, tanto em relação às vidas perdidas, aos prejuízos econômicos, como aos danos ambientais na região. Ele ressaltou a união dos governos federal, estadual e municipal no socorro à região. “Devemos trabalhar juntos para darmos uma resposta efetiva à população e na recuperação da vegetação e da infraestrutura afetada por esses deslizamentos”.

O governador afirmou ainda que pretende as respostas à tragédia em São Sebastião num “case” de reconstrução e retirada da população das áreas de risco. Hoje o governo federal autorizou a transferência de R$ 7 milhões para dar continuidade às ações de ajuda à população do município.