Vidas em jogo

Marco temporal volta a ser julgado no STF nesta 4ª feira; mobilização indígena é grande

Em acampamento em Brasília, em aldeias pelo Brasil e em evento na Europa, atenção está voltada para a defesa do direito aos territórios

Mídia Indígena
Mídia Indígena
Jovens indígenas mandam seu recado em acampamento em Brasília, onde aguardam retomada do julgamento

São Paulo – A tese política do marco temporal, que dificulta a demarcação de terras indígenas, volta a ser julgada nesta quarta-feira (7) no Supremo Tribunal Federal (STF) sob grande mobilização. Pelo menos 2 mil representantes de comunidades de todo o país estão reunidos em Brasília. Além da pressão sobre os ministros, reforçam suas reivindicações também sobre outras demandas aos chefes dos demais poderes por meio de protestos.

Em diversos cantos do país, aldeias inteiras se unem. E o canto e a dança ancestrais, praticadas há milênios em terras brasileiras, dão mais força àqueles que os representam no acampamento em Brasília. A corrente não para aí.

Em Bonn, na Alemanha, lideranças contam ao mundo as dificuldades que passam no Brasil. Problemas esses que vão além do desrespeito aos seus direitos constitucionais. E que contribuem para o agravamento da crise ambiental. É o que fizeram nesta terça-feira (6), Cassimiro Tapeba, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme); Toya Manchineri, coordenador geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab); Eliane Xunakalo, presidente da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (FEPOIMT); e Sineia Wapichana, gerente ambiental do Conselho Indígena de Roraima (CIR).

Marco temporal e outras demandas em evidência

“Enquanto estamos aqui em Bonn, representantes de 305 povos das diferentes regiões do Brasil estão acampados em Brasília para protestar contra medidas que estão sendo aprovadas. Os indígenas acampados não estão colocando em evidência apenas o julgamento do marco temporal pelo STF, mas também o projeto de lei 2903, que está sendo analisado pelo Senado”, disse Cassimiro Tapeba, referindo-se ao antigo PL 490, aprovado na Câmara, que no Senado ganhou nova numeração. O PL 490 é o que, além de legalizar a tese do marco temporal, ainda permite a abertura das terras indígenas para exploração.

“Não é só falar o que está ocorrendo no Brasil, mas o que estamos fazendo com o planeta. A responsabilidade não é só dos povos indígenas no que está acontecendo aí. O planeta terra é uma grande aldeia, que temos que cuidar. Cuidar dos rios, da floresta, dos direitos. Porque senão, não vamos conseguir deixar um legado para os nossos filhos. Então é responsabilidade de todos fazer com que essas riquezas naturais resistam para essas e as futuras gerações. Caso contrário, vamos só deixar deserto para as populações que virão. Por isso precisamos cutucar os governantes”, completou Toya Manchineri.

Todos eles foram à Europa participar da reunião preparatória do Fórum Internacional de Povos Indígenas sobre Mudanças Climáticas, também conhecido como Caucus Indígena. O encontro reuniu lideranças indígenas de todas as regiões do planeta. O objetivo é alinhar as contribuições desses povos à agenda climática, com prioridade a pautas como a inclusão do conhecimento tradicional dos povos indígenas nas medidas de adaptação climática e o financiamento direto às organizações indígenas.

Confira vídeo com mobilização do povo Enawene-Nawe, da Amazônia

Assista íntegra da coletiva de lideranças em Bonn, na Alemanha, e saiba mais sobre as reivindicações e alertas dos povos indígenas:

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Redação: Cida de Oliveira