Eternos

Luiz Gonzaga, Dorina Nowill e Lanceiros Negros entram para o livro de Heróis da Pátria

Cantor e “rei do baião”, ativista das pessoas com deficiência visual e grupo que atuou na Revolução Farroupilha foram homenageados

Reprodução/Montagem RBA
Reprodução/Montagem RBA

São Paulo – O cantor Luiz Gonzaga, a ativista Dorina Nowill e o grupo Lanceiros Negros são os novos integrantes do Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou as leis 14.793, 14.796 e 14.795, publicadas no Diário Oficial da União (DOU).

No caso de Gonzagão, no ano passado Lula já havia sancionado a Lei 14.720, que reconheceu oficialmente o forró como manifestação da cultura nacional. O 13 de dezembro, data de nascimento de Luiz Gonzaga, foi instituído como Dia Nacional do Forró.

Segundo o governo, a inclusão de Luiz Gonzaga no Livro é uma “forma de homenageá-lo pela imensa representação na cultura popular brasileira, em especial a nordestina”. Natural de Exu (PE), Gonzagão tocou sanfona desde cedo, mas a carreira deslanchou no Rio de Janeiro, entre o final dos anos 1930 e início dos 1940. Em parceria com Humberto Teixeira, compôs um dos clássicos brasileiros, Asa Branca (1947). Mas tem inúmeros sucessos, como Baião, Respeita Januário, No meu pé de serra, Qui nem jiló e outros. Gonzagão morreu em 2 de agosto de 1989, aos 76 anos.

Inclusão de pessoas com deficiência visual

Na segunda homenagem, o Planalto informa que Lula “reconhece a relação direta entre a trajetória de Dorina Nowill e os avanços nacionais e internacionais que o ativismo e dedicação dela trouxeram para a educação, acessibilidade e para a inclusão de pessoas com deficiência visual”. Nascida em 1919, em São Paulo, ela ficou cega aos 17 anos.

“Mesmo após a perda da visão e todas as limitações do ensino na época, ela ingressou e concluiu o curso regular de preparação de professoras, em 1943, tendo sido a primeira estudante cega a frequentar um curso regular no país. Motivada por sua experiência, ela utilizou das dificuldades de sua vivência para elaborar meios de superar as dificuldades das dinâmicas não inclusivas, em especial para as pessoas portadoras de deficiência visual.”

Dorina criou um método de ensino especializado para cegos, o primeiro na América Latina, e que chegou aos Estados Unidos. O apoio permitiu a criação da Fundação para o Livro do Cego no Brasil, que, a partir de 1991 passou a ser chamada de Fundação Dorina Nowill. Sua história é contada no documentário Dorina: olhar para o mundo, dirigido por Lina Chamie.

Revolução Farroupilha

“Os Lanceiros Negros desempenharam papel crucial na Revolução Farroupilha, guerra do Rio Grande do Sul contra o Império”, informa o governo em relação à terceira homenagem. “O grupo de brasileiros integrava as fileiras do exército republicano farrapo. Eram conhecedores da lida campeira, domadores, charqueadores. Escravizados, tinham a promessa de alforria por ocasião da vitória final.” O que não aconteceu.

“No atual município de Pinheiro Machado, fronteira com o Uruguai, durante a noite na Batalha de Porongos, em 14 de novembro de 1844, os Lanceiros Negros foram desarmados e mais de 100 foram mortos pelo exército imperial. Os remanescentes do grupo de cerca de 400 não tiveram a promessa de libertação concretizada ao fim do conflito, o que deixou um amargo legado de desilusão.”