Homenagem

Fiscais e famílias fazem ato para lembrar 20 anos da chacina de Unaí. E vão ao MPF

Principal mandante foi preso apenas no ano passado. Dois condenados continuam foragidos

Sinait
Sinait
Os auditores-fiscais Eratostones, João Batista e Nelson e o motorista Aílton foram assassinados a tiros na manhã de 28 de janeiro de 2004

São Paulo – Para marcar os 20 anos da chamada chacina de Unaí, o Sinait (sindicato dos auditores-fiscais do Trabalho) promove amanhã (30), às 9h, ato público diante do Ministério do Trabalho e Emprego. No dia seguinte, representantes dos fiscais e das famílias das vítimas terão audiência com o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Na manhã de 28 de janeiro de 2004, os auditores-fiscais Nelson José da Silva, João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves, o Tote, e o motorista Aílton Pereira de Oliveira foram assassinados a tiros. Eles realizam fiscalização na área rural de Unaí, noroeste de Minas Gerais. Emboscados, os fiscais morreram na hora. O motorista ainda conseguiu conduzir o veículo por alguns minutos. Morreu no hospital.

Combate ao trabalho escravo

As atividades fazem parte da Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, do Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo e do Dia do Auditor-Fiscal do Trabalho, todos celebrados em 28 de janeiro. A data tornou-se homenagem aos servidores assassinados. Dois dos condenados ainda estão foragidos. “A nossa luta por justiça só vai parar quando virmos todos os condenados por este crime bárbaro atrás das grades”, afirma a diretora do Sinait Rosa Maria Campos Jorge.

Apenas no ano passado que um dos condenados foi definitivamente para a prisão, depois que a Justiça determinou, em setembro, a prisão imediata. O ex-prefeito de Unaí Antério Mânica, principal mandante do crime, entregou-se à Polícia Federal (PF). Depois disso, a 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6) acolheu recurso do Ministério Público Federal (MPF) e reformulou a sentença, que passou de 64 anos para 99 anos 11 meses e 4 dias. Esta é a segunda condenação de Antério – a primeira, de 2015, foi anulada. Desde 24 de novembro, ele cumpre pena na Penitenciária de Unaí.

Responderam em liberdade

Os ainda foragidos são Norberto Mânica (irmão de Antério) e Hugo Alves Pimenta, mandante e intermediário do crime, respectivamente. Também em setembro do ano passado, o fazendeiro José Alberto de Castro, condenado como intermediário (contratou os pistoleiros), foi preso no Triângulo Mineiro e transferido para a carceragem da PF em Brasília. Em novembro, foi transferido para Unaí.

“Mandantes e intermediários, mesmo sentenciados pelo Tribunal do Júri, cuja condenação foi confirmada depois por tribunais superiores, vinham respondendo ao processo em liberdade, quase 20 anos depois do crime. Somente os executores haviam sido presos – alguns ainda cumprem pena”, lembra o Sinait.

Segundo a entidade, o crime “evidenciou a insegurança” a que os fiscais estão expostos nas ações de campo. “As ameaças, intimidações e agressões continuam acontecendo e são frequentes.”

Leia mais:


Leia também


Últimas notícias