Execução

Ex-PM Elcio Queiroz confessa participação no assassinato de Marielle e Anderson

Segundo o ministro da Justiça, Flávio Dino, Elcio confessou após acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Preso desde 2019, ele disse que dirigia o carro na ação, mas que Ronnie Lessa apertou o gatilho

Commons Wikimedia/Marcelo Freixo
Commons Wikimedia/Marcelo Freixo
A vereadora e seu motorista Anderson Gomes foram assassinados na noite de 14 de março de 2018

São Paulo – O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse nesta segunda-feira (24) que o ex-PM Elcio Queiroz confessou ter participado do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018. Com a confissão, feita após acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF), Elcio mudou a versão anterior de que dirigia o carro no momento do crime. E que apontava o colega Ronnie Lessa como autor dos disparos.

Segundo Dino, a delação embasou a operação da PF realizada hoje, que prendeu o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa no Rio. Mais conhecido como Suel, ele já havia sido preso em 2020, acusado de ter se desfeito do carro usado na execução. No entanto, respondia em liberdade.

O ex-bombeiro vigiou e acompanhou os passos de Marielle antes do assassinato, segundo Dino. Além dessa participação, a delação de Elcio teria apontado outros participantes do crime, cujos nomes ainda não foram revelados.

Com a delação, a PF encerra investigação da execução. Mas falta ainda desvendar quem encomendou o crime. “A investigação não está concluída, [a delação] permite um novo patamar de investigação, a dos mandantes”, afirmou o ministro. “Nas próximas semanas, provavelmente haverá novas operações derivadas desse conjunto de provas colhido no dia de hoje.”

Marielle Franco (Psol) e o motorista Anderson Gomes foram assassinados na noite de 14 de março de 2018. A assessora Fernanda Chaves sobreviveu. Marielle foi a quinta vereadora mais votada do Rio nas eleições de 2016.

Legalidade e descobertas

A avaliação de especialistas é que com essas novas informações, o caso Marielle avance para responder as dúvidas com relação aos autores intelectuais do crime. O jurista Lenio Streck, professor de Direito Constitucional, avalia que as novas provas “puxam uma pena que podem levar a um galinheiro todo”, compara. Lenio avaliou a operação coordenada pela PF com o Ministério Público do Rio de Janeiro no ICL Notícias, transmitido pela TVT e a Rádio Brasil Atual.

“Flávio Dino está comprometido com isso, de levar a fundo e dar uma resposta (ao caso). E não há nenhum problema legal em que a Polícia Federal também investigue junto com o Estado, mesmo que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) não tenha federalizado o crime. Então não há nenhum problema que a Polícia Federal faça as investigações. A competência continua sendo da polícia estadual porque o STJ não levou para a Justiça Federal. Mas isso não significa que a PF não possa investigar porque uma coisa é competência jurisdicional, outra coisa é atribuição investigativa. Então tem coisas que vem por ai interessantes e que eu acho que são de puxar uma pena e sai todo um galinheiro nesse caso aí”, garantiu o jurista.

Saiba mais na entrevista:

Redação: Cida de Oliveira


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