Inclusão

Correios doarão chips para ajudar na comunicação dos Yanomami

Ontem foram instaladas 17 antenas móveis no território indígena. Novo presidente dos Correios recebe trabalhadores, ressalta papel da empresa pública e garante diálogo

Twitter/FAB
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Comunicação entre comunidades Yanomami e equipe de apoio e de atendimento médico deve ser ampliada com chips da Correios Celular e novas antenas

São Paulo – A operadora Correios Celular, ligada à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, fornecerá 1 mil chips de celular para comunidades Yanomami, anunciou nesta sexta-feira (10) o Ministério das Comunicações (MCom). O ministério confirmou ontem (9) a instalação de 17 antenas móveis de conexão banda larga via satélite em territórios dos indígenas. O próximo passo é entregar os chips ao Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária da população Yanomami.

Com a medida, os Correios esperam ampliar a capacidade de comunicação entre as comunidades Yanomami e as equipes que prestam assistência. As antenas e os dispositivos de comunicação permitirão ainda melhores condições para o atendimento médico.

Os Yanomami passam por crise humanitária decorrente do garimpo ilegal, responsável por uma série de impactos sanitários e ambientais. Além de doenças como malária e pneumonia, os indígenas também sofrem com desnutrição e alta taxa de mortalidade de bebês no primeiro ano de vida.

Em outra ponta, a Polícia Federal (PF) e as Forças Armadas deflagraram nesta sexta operação para destruir aeronaves e maquinários do garimpo. O objetivo é garantir o funcionamento de bases policiais permanentes para apoio e monitoramento da retirada dos mais de 20 mil garimpeiros do território. A Força Nacional fará a operadas das bases, enquanto o Exército, a operação logística. Participam também agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

A operação da PF contra lavagem de dinheiro oriundo de garimpo ilegal alcançou hoje a irmã do governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), Vanda Garcia de Almeida. Agentes chegaram à residência dela de madrugada. Em nota, o governador de Roraima afirmou que “desconhece o teor da investigação (da PF) contra sua irmã”.

Empresa pública e responsabilidade social

O novo presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, se reuniu nesta quinta com dirigentes sindicais da CUT e da Federação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Correios e Telégrafos (Fentect). Santos afirmou que sua missão será fortalecer a empresa e seu caráter público, assim como o diálogo com os representantes dos trabalhadores, que lutaram contra o desmonte da empresa e a tentativa de privatização por parte do governo de Jair Bolsonaro. 

Santos é advogado, professor universitário e foi coordenador-adjunto do grupo de juristas Prerrogativas. O Conselho de Administração dos Correios aprovou a indicação de seu nome para a presidência da estatal no dia 3 de fevereiro.

A expectativa dos representantes sindicais é estabelecer nova relação com a mudança na direção da empresa. “Muda tudo”, disse o secretário de Comunicação da Fentect-CUT, Emerson Marinho. “Antes tínhamos uma gestão militarizada, com corte do diálogo, assédio moral e pressão contra trabalhadores”, lembrou o dirigente.

“Esperamos dessa nova gestão que os trabalhadores sejam tratados com respeito e voltem a ter espaço e diálogo permanente para a resolução de demandas e possíveis conflitos”, afirmou Amanda Corsino, dirigente da CUT e presidenta do Sindicato dos Trabalhados em Correios e Telégrafos do Distrito Federal (Sintect-DF).

O ex-ministro das Comunicações Ricardo Berzoini participou do encontro. Berzoini comandou também as pastas de Relações Institucionais, Previdência Social e Trabalho nos governos anteriores de Lula e Dilma Rousseff. Segundo o ex-ministro, Fabiano Silva dos Santos “enxerga o potencial” dos Correios na área da logística e “saberá explorar todas essas potencialidades”.  

Afirmou ainda que os Correios têm papel estratégico para que o governo federal possa ampliar políticas de Estado para a população, pois a empresa está presente em todo território nacional.

Não se tem notícias de que operadoras privadas de telefonia tenham adotado alguma medida semelhante à da Correios Celular em territórios Yanomami.

Com informações da RBA, Agência Brasil e CUT