Mais um crime

Estourar o cofre e não erradicar a miséria é só campanha. Por Ariovaldo Ramos

Um presidente acusado de nove crimes tem de achar um meio, custe o que custar, de pôr do seu lado a massa de eleitores

Clauber Cleber Caetano/PR
Clauber Cleber Caetano/PR
Parece aquela história: o sujeito sabe que não tem como dar certo, mas promete que fará acontecer porque tem "compromisso"

O Presidente da República Federativa do Brasil foi acusado de nove crimes.

Segundo notícias, sua reação foi gargalhar e voltar a falar do “kit covid”, uma alusão à sua pretensa intocabilidade, embora não haja cidadão acima da lei, conforme lembrado pelo presidente da CPI.

Também segundo notícias, o presidente liberou especulações sobre um possível substituto do ministro da economia, Paulo Guedes, que acaba de perder quatro importantes assessores.

Como a perda dos assessores tem a ver com a necessidade de furar o teto de gastos para poder fazer o chamado “Auxílio Brasil“, parece que ficou-lhes claro que começou a temporada de caça aos votos.

Mais tarde, o presidente aparece com o ministro da economia, em conferência de imprensa na TV, para dizer que “está tudo bem”. O ministro confirma e diz que fará a vontade do presidente. E que haverá ajuda para os empobrecidos e que não furará o teto de gastos porque foi “autorizado” a dar calote nos precatórios.

Parece aquela história: o sujeito sabe que não tem como dar certo, mas promete que fará acontecer porque “tem compromisso”.

De qualquer maneira, um presidente acusado de nove crimes, entre os quais o de lesa-humanidade, tem de achar um meio de pôr do seu lado a massa de eleitores e, diante do estado de carestia e de miséria a que levou esta massa, terá de estourar o cofre. Afinal, será apenas mais um crime.

O triste é que será bem-vindo pelo povo, apesar de não ser um programa social de erradicação da miséria ou da pobreza.

É só campanha eleitoral mesmo.

Artigos desta seção não necessariamente expressam opinião da RBA

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