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Guedes conversa com o chefe e fica: ‘Lá fora estamos bem avaliados’

Enfraquecido, ministro da Economia recebe presidente, nega que tenha pedido demissão, reclama de intolerância e fala em “transformação econômica”. Ele diz que “não é confortável” flexibilizar teto

José Cruz/Agência Brasil
José Cruz/Agência Brasil
Boatos sobre a permanência do ministro balançaram os 'mercados'

São Paulo – Depois de 24 horas de turbulência, boatos e notícias plantadas, o ministro Paulo Guedes informou que continua à frente da Economia. Ele se encontrou com Jair Bolsonaro no próprio ministério, e o presidente disse ter “confiança absoluta” no subordinado. Em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (22), os dois procuraram debelar o incêndio provocado com a saída de quatro secretários, ontem.

O presidente disse que o governo não fará “nenhuma aventura na economia”. Com isso, tentou acalmar os “mercados”, incomodados com as notícias sobre desrespeito ao teto de gastos para financiar o chamado Auxílio Brasil, substituto em menor escala do Bolsa Família. “Não é confortável flexibilizar teto”, admitiu o ministro aos jornalistas. Ao mesmo tempo, ele disse que não há mudança no “arcabouço fiscal”. Guedes afirmou ainda que seu setor quer “acelerar a transformação econômica do Brasil” e falou em “relançamento” da economia brasileira. Mas observou que “lá fora nós estamos muito bem avaliados”.

Diferentemente do que foi visto desde que assumiu o cargo, no pronunciamento de hoje Paulo Guedes várias vezes se referiu de forma positiva à área social. Afirmou ser preferível tirar ‘nota 8’ em vez de 10 na área fiscal e, assim, “atender os mais frágeis”. Ele negou ter pedido demissão, considerou natural a saída dos secretários. E reclamou de “intolerância” com o governo.

Ex-ministro do Planejamento (governo Temer), Esteves Colnago deverá ser o novo secretário especial do Tesouro e Orçamento.

Coincidentemente, há exato um ano, em 22 de outubro de 2010, o então ministro Eduardo Pazuello (Saúde) fazia pronunciamento depois de ser desautorizado pelo presidente na compra de vacinas. “É simples assim: um manda e outro obedece.”