Licenças livres dominam campanhas no Chile

Frei Ruiz, historicamente mais ao centro, tenta parecer mais progressista do que seu concorrente, Piñera. No quesito licença de conteúdo, estão quase iguais (Foto: Divulgação campanha de Eduardo Frei Ruiz) […]

Frei Ruiz, historicamente mais ao centro, tenta parecer mais progressista do que seu concorrente, Piñera. No quesito licença de conteúdo, estão quase iguais (Foto: Divulgação campanha de Eduardo Frei Ruiz)

Os dois candidatos que seguem na disputa presidencial chilena tentam se diferenciar na reta final em busca dos eleitores indecisos – que podem chegar a 13% segundo pesquisas. Enquanto o governista Eduardo Frei Ruiz tenta provar à opinião pública que é um candidato de esquerda – apesar de seu histórico mais ao centro – o empresário Sebastián Piñera mantém-se como um conservador, mas de um tipo diferenciado.

Se nenhum dos dois têm trajetórias muito progressistas, pelo menos um ponto em comum suas campanhas têm.

Ambas trazem seus sites publicados sob licenças livres, quer dizer, sem restrições de copyright para a reprodução do conteúdo. Tanto Eduardo Frei Ruiz (Concertação) quanto Sebastián Piñera (Aliança) usam Creative Commons. No sistema de gerenciamento do conteúdo, também foram adotadas plataformas abertas, como Drupal e WordPress, respectivamente.

A inspiração, nesse caso, é provavelmente a campanha do norte-americano Barack Obama, que apostou fortemente na internet para angariar apoio. O democrata também recorreu à licença livre pelo menos em algumas ações chave de sua campanha, como o vídeo-viral “Yes, we can“, além da página de transição e no da Casa Branca. Além disso, recursos como redes sociais e formas de compartilhamento foram usadas.

Uma solução parecida à adotada pelos postulantes à sucessão de Michele Bachelet, porém essencialmente distinta, foi adotada pela campanha do presidente de outro país. Fernando Lugo, eleito presidente do Paraguai em 2008, usou um blogue hospedado no Blogspot para a campanha. Apesar de ser um recurso gratuito na rede, o sistema mantido pelo Google é proprietário, diferente dos softwares open source (de código aberto) usados pelos chilenos. Registre-se que, uma vez eleito, o gabinete do paraguaio adotou o WordPress como publicador.

A internet deve ter um papel ainda mais importante na campanha de 2010 do que no último pleito, segundo especialistas. Rede sociais e outras formas de mobilização – de pessoas e recursos – devem ser usados.

Mas será que, no Brasil, o Creative Commons vai prevalecer em 2010? A resposta não está nas páginas nacionais dos principais partidos. PT e PSDB não apresentam informações sobre direito autoral do conteúdo disponível. DEM e PMDB mantém o tradicional copyright. A mesma opção faz o PV, o PSB, o PR. PP e PCdoB também não deixam isso claro – embora, no caso dos comunistas, o Vermelho seja reproduzido livremente por diversos sites e blogues.