Irã vive guerra não declarada

Carro do cientista nuclear iraniano Mostafa Ahmadi-Roshan foi explodido em Teerã (Foto: ©Sajad Safari/Reuters) Há uma guerra não declarada no Irã. Sua vítima mais recente foi o físico Mostafa Ahmadi […]

Carro do cientista nuclear iraniano Mostafa Ahmadi-Roshan foi explodido em Teerã (Foto: ©Sajad Safari/Reuters)

Há uma guerra não declarada no Irã.

Sua vítima mais recente foi o físico Mostafa Ahmadi Roshan, de 32 anos. Trata-se do quinto assassinato de um cientista iraniano ligado ao programa nuclear daquele país, desde 2007. Em todos os atentados o método foi o mesmo: bombas magnéticas presas nos carros das vítimas. Uma sexta vítima conseguiu sobreviver: o físico Ferydon Abasi resistiu aos ferimentos, e hoje é o chefe da Agência de Energia Atômica do Irã.

A maioria dos analistas de Irã e segurança atribui essas ações ao Mossad, o Serviço Secreto israelense. Também há suspeitas de que uma explosão num depósito de munições, que matou 17 pessoas há dois meses, entre elas o general Hassan Tehrani Moghaddam, ligado ao programa nuclear, tenha sido armada pelo Mossad, embora a versão oficial iraniana fale em acidente.

O governo de Israel negou envolvimento, mas daquele modo vago que deixa dúvidas, ou com declarações que beiram o sarcasmo, como a de uma autoridade que disse nada ter a ver com o caso, mas que “não derramaria lágrimas” pelo acontecido (General de Brigada Yoav Mordechai no Facebook, porta-voz do Exército).

Há instituições de pesquisa nos Estados Unidos, como a Carnegie Endowment for International Peace, que lançam suspeitas sobre o próprio governo iraniano, falando que alguns desses cientistas tinham manifestado dissidências em relação ao governo dos aiatolás.

O governo norte-americano também negou qualquer envolvimento com o caso, mas foi mais enfático, condenando o atentado. O Irã protestou junto ao Secretário Geral da ONU, Ban Ki-Moon.

Os atentados são um índice de que a guerra contra o Irã já começou, só que de forma velada. Fica uma dúvida quanto ao objetivo desses atentados. Se for deter o programa nuclear do Irã, são ineficazes. Porém pode ser que visem provocar uma reação intempestiva por parte do governo iraniano, o que, então, justificaria uma ação militar declarada.

De qualquer modo, seria justo que houvesse uma ampla condenação internacional desses atentados. Não será matando cientistas que se avançará no caminho da paz.

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