VIOLÊNCIA POLICIAL

Estados Unidos têm segundo dia de protestos após morte de Daunte Wright

Polícia de Minneapolis alega que tiro foi “acidental”. Jovem foi assassinado no domingo (11)

Unicorn Riot/Twitter
Unicorn Riot/Twitter
Manifestantes fizeram uma vigília no cruzamento em que Daunte Wright foi morto e colocaram uma escultura de punho fechado

São Paulo – A cidade de Minneapolis, nos Estados Unidos, teve, na última segunda-feira (12), a segunda noite de protestos contra a morte do jovem negro Daunte Wright, assassinado a tiro durante uma abordagem policial, no domingo (11). O caso ocorreu a cerca de 15 quilômetros do local onde George Floyd foi morto por asfixia em maio do ano passado.

Segundo a polícia de Minneapolis, os policiais pararam um homem devido a uma infração de trânsito e descobriram que ele tinha um mandado de prisão em aberto. Entretanto, a versão da família é diferente. A namorada do jovem relata que ele levou um tiro antes de voltar para o carro e a mãe de Daunte, Katie Wright, ouviu, pelo telefone, os policiais dizendo para o rapaz sair do carro.

No domingo, cerca de 200 manifestantes protestaram do lado de fora do departamento policial de Brooklyn Center, pequena cidade com cerca de 30 mil habitantes. Foram atiradas pedras, sacos de lixo e garrafas contra os policiais. Já na segunda (12), outras centenas de pessoas se reuniram para uma vigília no cruzamento do subúrbio em que Daunte Wright foi morto.

A polícia trata a morte como “acidental”. Em entrevista coletiva, o comandante da polícia dessa localidade, Tim Gannon, disse que a policial envolvida não queria atirar, mas confundiu sua arma de fogo com sua pistola elétrica de imobilização.

Por conta dos protestos, a NBA, liga de basquete profissional dos Estados Unidos, adiou a partida entre Brooklyn Nets e Minnesota Timberwolves, que estava programada para acontecer na noite de ontem, no Target Center, em Minneapolis.

George Floyd

Os protestos contra o assassinato de mais um negro por forças policiais nos Estados Unidos acontecem junto à retomada do julgamento de Derek Chauvin, ex-policial de Minneapolis que assassinou Floyd. As manifestações contra a polícia têm sido cotidianas nos últimos dias na cidade e o julgamento entrou em sua terceira semana.

Vários vídeos mostram Chauvin pressionando o pescoço de Floyd por mais de nove minutos enquanto ele repetidamente lhe diz que não consegue respirar. O episódio, ocorrido em maio de 2020, desencadeou uma onda de protestos contra o racismo e a brutalidade policial nos Estados Unidos e no mundo, com a bandeira do Black Lives Matter (Vidas Negras Importam).

De acordo com a Agência AFP, policiais e médicos especialistas complicaram a situação de Derek Chauvin com seus depoimentos. No tribunal, as testemunhas explicaram que o procedimento usado foi “desproporcional” perante à atitude submissa de Goerge Floyd, e contrário ao código policial da cidade, entre outras declarações contrárias aos seus argumentos de defesa.

O renomado cardiologista Jonathan Rich afirmou que a morte ocorreu devido aos baixos níveis de oxigênio induzidos pela “asfixia posicional” a que foi submetido. “Não vejo nenhuma evidência de que uma overdose de fentanil tenha causado a morte de Floyd”, ressaltou, contrariando a versão da defesa do ex-policial.