Novos casos de covid-19 só são superados pelo pior momento da pandemia, em agosto
Brasil reverte tendência de queda de casos e mortes por covid-19 registrada entre setembro e outubro, mas governo segue sem apresentar plano de vacinação. OAB aciona STF por compra de vacinas aprovadas no exterior
Publicado 09/12/2020 - 18h56
São Paulo – A pandemia de covid-19 segue em crescimento no Brasil, fez mais 836 mortes e registrou 53.453 novos casos nas últimas 24 horas. Foi o dia com maior número de doentes oficiais desde o dia 12 de agosto, no até então pico epidemiológico no país. Com os registros desta quarta-feira, já são 178.955 mortos e 6.728.452 infectados desde o início do surto, março. As informações são do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).
A curva de mortes mostra um intenso crescimento desde o dia 11 de novembro. A média móvel de sete dias registrada hoje, de 640 mortes, é a maior desde o dia 6 de outubro. Com o avanço das últimas semanas, o Brasil reverte uma breve tendência de queda de casos e mortes registrada, especialmente, em outubro. Isso, sem contar com a intensa subnotificação. De acordo com cientistas, o número de mortes e casos são, seguramente, maiores.
Enquanto isso o Brasil segue sem um plano detalhado de vacinação contra a covid-19. Isso coloca o país em uma situação especialmente delicada e em uma posição de atraso. A Europa já inicia vacinação em massa, a Argentina e o Chile estão em preparativos para começar em breve o processo de imunização. No Brasil, as vacinas seguem alvo de disputa política e omissão do governo do presidente Jair Bolsonaro, que desde o início da pandemia ridiculariza, faz piada e minimiza a pior crise sanitária da humanidade em mais de 100 anos.
Negacionismo e morte
Diante da conduta desastrada de Bolsonaro ante a pandemia, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entrou com ação no Supremo Tribunal Federal para garantir um plano mínimo de vacinação para a população. Entre diferentes pedidos, a OAB pede a aquisição de vacinas que possuam registro em agências regulatórias do exterior. Isso porque existe a suspeita de que a Anvisa, aparelhada por Bolsonaro, dificulte a aprovação de vacinas.
“Cada dia importa, cada dia que nossa campanha de vacinação e imunização não está nas ruas significa centenas, se não milhares, de vidas brasileiras perdidas. Nós não temos o direito de omissão ou mesmo incompetência nesse momento histórico”, disse o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz.
O Congresso também pode votar amanhã (10) um projeto que obriga o Executivo a comprar vacinas contra a covid aprovadas por agências internacionais. O jogo político de Bolsonaro pode afetar também a principal vacina em desenvolvimento no Brasil, a CoronaVac, que tramita em protocolos científicos em fase final. O imunizante está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantã, de São Paulo, e a farmacêutica chinesa Sinovac. O presidente está em franca disputa política com o governador paulista, João Doria (PSDB), ambos privilegiando seus projetos políticos para 2022.