Junta militar promete governo provisório que ‘não substitui regime’ de Mubarak

Mohamed Hussein Tantawi é considerado conservador por diplomatas dos EUA (Foto: Goran Tomasevic/Reuters) São Paulo – O porta-voz do Supremo Conselho Militar das forças armadas, Isam El Eryan, fez um […]

Mohamed Hussein Tantawi é considerado conservador por diplomatas dos EUA (Foto: Goran Tomasevic/Reuters)

São Paulo – O porta-voz do Supremo Conselho Militar das forças armadas, Isam El Eryan, fez um pronunciamento na TV egípcia na tarde desta sexta-feira (11). Ele prometeu que a junta militar comandará a nação sem substituir o regime anterior, governada por 30 anos por Hosni Mubarak, que renunciou ao cargo também nesta sexta. Quem preside o conselho é Mohamed Hussein Tantawi, de 79 anos.

Eryran saudou os manifestantes que protestam em todo o país por mudanças econômicas e políticas no país. “O Conselho vai definir as medidas a serem adotadas, destacando, ao mesmo tempo, que não é uma substituição do regime que tínhamos”, afirmou.

Ele disse saber das dificuldades enfrentadas, mas prometeu contribuir para garantir a retomada do processo democrático. Apesar de exaltar os protestos, em especial às pessoas que morreram desde o início dos protestos, há 18 dias, ao final do discurso, Eryran fez saudações a Mubarak.  “O Supremo Conselho expressa apreço pelo que (Mubarak) ofereceu ao serviço público em todos esses anos e a suas decisões em nome do interesse da nação”.

Segundo informações de agências de notícia internacional, Tantawi esteve em contato com representantes do governo dos Estados Unidos por pelo menos cinco vezes desde o início da crise. Diplomatas da Casa Branca tinham o atual ministro da Defesa como uma figura conservadora e resistente a mudanças.

Futuro

Com os militares no poder provisoriamente, a expectativa é que sejam abertas as negociações com a oposição para o restabelecimento da democracia no país. A junta militar deve reunir oficiais das três Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica). Até a tarde desta sexta-feira, não havia detalhamento sobre os nomes que integrarão o governo de transição egípcio.

A primeira medida esperada pela oposição é a suspensão do estado de emergência, que vigora no Egito há quase três décadas. A lei de exceção limita direitos individuais e a liberdade de expressão no país. Os integrantes do governo de transição devem promover reuniões com os líderes da oposição. 

Os oposicionistas defendem a convocação imediata de novas eleições parlamentares, mesmo decorridos apenas três meses da última eleição para renovação do Parlamento egípcio. Para a oposição, é necessário reformar a Constituição por meio de uma Assembleia Nacional Constituinte.

O atual Parlamento egípcio, integrado pelas câmaras Alta (nos moldes do Senado brasileiro) e Baixa (semelhante à Câmara dos Deputados), é amplamente dominado pelos aliados de Mubarak e Suleiman, que controlam 95% das cadeiras. Para os oposicionistas, manter o atual Parlamento não permitirá o avanço das reformas exigidas nas ruas pela população.

Se houver alterações na Constituição, as eleições presidenciais podem ser antecipadas. No entanto, a oposição pede a presença de observadores estrangeiros e garantias de que o processo eleitoral será conduzido de forma democrática e livre.

Com informações da Agência Brasil