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Sindicatos da área de educação divergem sobre greve e negociação com Haddad

Entidade presidida por ex-vereador da base de Kassab convoca greve para antes de negociação e deixa secretário 'perplexo', enquanto outro sindicato diz que negociações seguem em aberto

Para professores da rede municipal, as reivindicações devem ser a melhoria das condições de trabalho, como a redução de alunos por sala (Foto: Folhapress)

São Paulo – Sindicatos de trabalhadores da área de Educação na cidade de São Paulo evidenciaram hoje (30) discordâncias sobre o ritmo de negociação com a administração de Fernando Haddad (PT). De um lado, o presidente do Sindicato dos Profissionais de Educação no Ensino Municipal de São Paulo, Claudio Fonseca, afirmou que a greve da categoria, marcada para começar na sexta-feira (3), justifica-se pelo fato de a prefeitura ter encerrado ontem as reuniões sobre política salarial não dando espaço para novas negociações sobre reajuste. De outro, a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo, Irene Batista de Paula, nega que as negociações tenham terminado e afirma que será divulgado um calendário de reuniões nesta quinta-feira (2), mesma versão da administração Fernando Haddad (PT).

A posição de Irene é corroborada pela Secretaria de Educação, que afirma que Haddad assinará um termo para validar os acordos salariais firmados ontem para duas categorias: os trabalhadores do chamado nível básico, que têm o ensino fundamental completo e os da área administrativa, de nível médio. Para o primeiro grupo, o piso salarial passará dos atuais R$ 440 (acrescido de gratificações para chegar ao salário mínimo nacional, de 678, para R$ 1.132. No segundo, passará de R$ 660 para R$ 1.330.

“Ainda estamos em negociação, tanto pelo reajuste anual como pelo aumento salarial para as categorias de nível superior e para os trabalhadores técnicos de nível médio”, disse Irene.

Segundo Fonseca, ex-vereador e aliado do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), a categoria foi contra o reajuste oferecido a todo funcionalismo, que é de 0,82% em maio mais 2% anuais nos próximos cinco anos. Os professores já têm garantido, desde 2011, reajuste de 10,19% em 2013 e de 13,43% em 2014, mas, segundo o sindicalista, “esses são acréscimos para suprir perdas salariais e garantir um piso mais alto. Precisamos de um reajuste anual para corrigir a inflação”, que seria de 5,6%.

Representantes do sindicato participam de uma reunião com membros da Secretaria de Educação na tarde de hoje. Na versão de Fonseca, trata-se apenas de “discutir questões relativas ao procedimento de trabalho. As negociações salariais terminaram ontem”, disse. A assessoria de imprensa da Secretaria de Educação afirmou que a greve e a questão salarial estão na pauta da reunião.

Professores entrevistados na manifestação de ontem disseram apoiar a greve, mas discordar dos motivos apontados pelo presidente do sindicato. Ao subir no carro de som, Fonseca foi vaiado por parte dos docentes. Para eles, as principais reivindicações deveriam ser melhoria nas condições de trabalho, incluindo redução do número de alunos por sala, atualmente em torno de 35, e a estruturação física, pedagógica e humana das escolas para receber alunos portadores de necessidades especiais.

Na noite de ontem, o secretário de Educação, Cesar Callegari, afirmou à RBA estar “perplexo” com a decisão da greve. “Temos ainda uma reunião agendada para amanhã (hoje) para receber a pauta de reivindicações dos cinco sindicatos que representam a Educação. Eu já fui sindicalista e estou perplexo. Nunca vi um processo de negociação começar com uma greve. Sem que a gente saiba formalmente quais são as demandas dos trabalhadores”, afirmou.

Em entrevista exclusiva à RBA, em abril, o secretário afirmou estar aberto para discutir avanços, “mas uma revisão global do plano de carreira não é algo que esteja no radar, como absoluta prioridade”.