Crise

MPT abre inquéritos para apurar motivos e consequências da saída da Ford

Procurador destaca efeito na cadeia produtiva no entorno da montadora

Sind. Met. Taubaté
Sind. Met. Taubaté
Trabalhadores na Ford em Taubaté fizeram assembleia diante da Câmara Municipal e mantém vigília na fábrica

São Paulo – O Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu três inquéritos civis para apurar causas e impactos da decisão da Ford de encerrar a produção no Brasil. O procurador-geral do Trabalho, Alberto Balazeiro, ressaltou a preocupação com os reflexos sociais e o futuro dos trabalhadores após o encerramento das atividades nas fábricas de Camaçari (BA), Taubaté (BA) e Horizonte (CE). Os inquéritos foram abertos nessas regiões.

O assunto foi discutido em audiência virtual realizada hoje (13). Também participaram os secretários Bruno Bianco Leal (Previdência e Trabalho) e Bruno Dalcomo (Trabalho), do Ministério da Economia. Pela Ford, o diretor jurídico, Luís Cláudio Casanova, o gerente de Relações Governamentais, Eduardo Freitas, e advogados.

Cadeia produtiva

O Ministério Público destacou a existência de uma cadeia produtiva no entorno da Ford, que também será atingida, além dos empregos diretos. O Sindicato dos Metalúrgicos e a prefeitura de Camaçari, por exemplo, falam em 12 mil empregos diretos, mas incluindo “sistemistas” – entre os 4 mil que trabalham na própria fábrica, e fornecedores da empresa – e 50 mil indiretos.

A unidade de Taubaté, no interior paulista, tem 830 funcionários e a Horizonte, na região metropolitana de Fortaleza, 470. Essa última produz jipes da marca Troller. Pela decisão da Ford, as fábricas de Camaçari e Taubaté fecham imediatamente e a de Horizonte, no final do ano.

Clube fecha na Bahia

“Com base nos três inquéritos civis instaurados pelo MPT, foi criado um Grupo Especial de Atuação Finalística (Geaf) que atuará de forma coordenada e estratégica para mitigar os impactos decorrentes do encerramento das atividades nas três fábricas da Ford no Brasil”, diz o Ministério Público.

O sindicato de Camaçari anunciou o fechamento do Metal Clube, um espaço de lazer da categoria, próximo da praia, inaugurado em 2014. Segundo a entidade, a saída da Ford corresponde a perda de 98% da receita. “Estamos enfrentando o momento mais difícil da vida dos trabalhadores e da história do sindicato, desde a chegada da Ford, há 20 anos. O momento é dramático. Estamos buscando todas as possibilidades possíveis para construir saídas que possam assegurar os direitos e o emprego dos metalúrgicos”, diz o presidente, Júlio Bonfim.

Em Taubaté, os funcionários fizeram assembleia ontem diante da Câmara Municipal. Na próxima quarta-feira (20), às 10h, será realizada audiência pública, também virtual, na Assembleia Legislativa de São Paulo. “Além disso, os trabalhadores não vão sair da porta da empresa” afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Cláudio Batista, o Claudião.