Oposição a Lula faz DEM liderar lista de deputados desistentes, diz Diap

Estudo do Diap aponta que 81,9% dos congressistas da Câmara pretendem concorrer à reeleição. Motivo de desistência está relacionada a imagem desgastada com o eleitorado

Apesar de imagem do Congresso junto à população ter melhorado em comparação a 2006, mais deputados não concorrem (Foto: Rodolfo Stuckert/Agência Câmara)

São Paulo – O Democratas é o partido com mais deputados que desistiram de participar da eleição deste ano. Segundo estudo do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), 13 dos 56 membros do partido na Câmara Federal não disputam a reeleição nem concorrem a outros cargos. Dos 513 parlamentares, 81,9% tentam manter-se nos cargos.

Apenas 34 deputados não participam do pleito de 2010, enquanto outros 34 estão envolvidos em disputas ao Senado, 18 concorrem a governador ou vice, e dois compõem chapas à Presidência da República.

Após o DEM, os partidos com maior número de desistentes são o PPS e o PMDB, com quatro cada. Proporcionalmente à bancada, o PPS é o que tem maior índice de deputados que optam por não disputar a eleição.

Segundo o analista político e diretor de Documentação do Diap, Antônio Augusto de Queiroz, o DEM lidera o ranking por ter sofrido um esvaziamento político nos últimos oito anos, por fazer oposição ao governo Lula. “O partido aumentou sua rejeição por estar ligado à oposição”, avalia, em entrevista à Rede Brasil Atual.

De modo geral, entre os motivos mais comuns para explicar a decisão de não tentar a reeleição estão os altos custos de campanha e a imagem negativa dos parlamentares em geral, diz o estudo. Nas eleições de 2006 somente 15 deputados federais desistiram das disputas eleitorais.

Queiroz lembra que, há quatro anos, a avaliação popular sobre a imagem do Congresso brasileiro era pior do que a atual. À época, a instituição saía de investigações da crise política de 2005 do chamado “mensalão”.

Procurada pela Rede Brasil Atual, a direção nacional do DEM, por meio de sua assessoria de imprensa, informou desconhecer motivos em comum entre os deputados. A legenda atribui o resultado ao conjunto de decisões isoladas ou pessoais de cada um dos parlamentares em seus respectivos estados, negando que as desistências fossem motivadas por se tratar de deputados com “ficha suja”.

Entre os “desistentes” está o deputado Cassio Taniguchi (DEM/PR), o ex-prefeito de Curitiba acusado de desvio de dinheiro público foi condenado pelo Superior Tribunal Federal (STF), em maio deste ano, por crime de responsabilidade. No entanto, o parlamentar não sofreu puniões porque o crime pelo qual respondia já estava prescrito.

Segundo a assessoria de Taniguchi, o deputado não disputará as eleições exclusivamente por motivos pessoais, optando por retomar sua vida profissional, e garantiu inúmeras vezes que o parlamentar tem a sua “ficha limpa” e que a decisão havia sido tomada antes de qualquer resultado processual. Outros deputados procurados não explicaram os motivos da desistência.

Outros cargos

O PT é a legenda com mais deputados que concorrem, agora, ao Senado. São oito postulantes a uma vaga na Câmara Alta. O PMDB aparece a seguir, com cinco, enquanto DEM, PSDB e PP têm três cada. No total, 32 deputados querem mudar de Casa legislativa.

O PMDB também aparece como partido com mais envolvidos em disputas aos governos de estado – sendo quatro a vice. O PP tem três parlamentares concorrendo a cargos de governador e um a vice. Apenas cinco deputados federais tentam se eleger em assembleias legislativas estaduais.