Em escolas de Quito, maioria dos eleitores declara voto a Rafael Correa

Recintos visitados pela RBA demonstram que o presidente tem a preferência nos bairros mais populares da cidade, enquanto divide eleitorado com Guillermo Lasso em regiões mais ricas

Presidente Rafael Correa deve vencer a disputa em primeiro turno (Foto: Tadeu Breda/RBA)

Quito– Cerca de 11,6 milhões de equatorianos vão às urnas hoje (17) para escolher seu presidente, assembleístas nacionais e provinciais e representantes ao Parlamento Andino. As eleições se encerram às 17h (19h em Brasília), quando alguns meios de comunicação do país devem divulgar conjuntamente uma pesquisa de boca de urna. Às 17h15, o presidente Rafael Correa, favorito para vencer a disputa ainda no primeiro turno, concede uma coletiva de imprensa no Palácio de Carondelet. E por volta das 19h30 (21h30) o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) deve emitir os primeiros resultados oficiais do pleito presidencial.

Acompanhamos parte da votação em dois recintos eleitorais de Quito. Um deles, localizado num bairro conhecido como La Mariscal, ao norte da cidade, onde residem setores da classe média alta. Outro, numa região chamada La Magdalena, no sul, parte em que tradicionalmente habitam as classes populares da capital equatoriana. Claro que nossa amostragem não tem valor científico, mas, coincidência ou não, demonstra um pouco da divisão social e geográfica de Quito.

Das dez pessoas entrevistadas no norte da cidade, quatro declaram ter votado por Rafael Correa, da Alianza País, e quatro pelo banqueiro Guillermo Lasso, do partido Criando Oportunidades, único dos quatro principais candidatos que não concederam entrevista à Rede Brasil Atual. Apenas um eleitor disse ter votado no economista Alberto Acosta, da Coordenadora Plurinacional das Esquerdas, e outro, no ex-presidente Lucio Gutiérrez, do Partido Sociedade Patriótica (PSP).

No sul, porém, nenhum dos dez entrevistados declararam voto a Guillermo Lasso, cujas propostas demonstram apreço pelo passado neoliberal que viveu o país antes da revolução cidadã – pouca participação do Estado na economia, menos impostos, redução dos gastos públicos. Em compensação, oito eleitores disseram ter marcado 35 na papeleta, número que representa Rafael Correa. Os dois restantes disseram ter escolhido Alberto Acosta.

Motivos

“Quero uma mudança na presidência. Não gostei do estilo de Rafael Correa, do seu socialismo. É uma ideologia de que não compartilho”, afirma o eleitor Francisco Hernández, de 45 anos. “Acredito que Guillermo Lasso pode me dar um melhor ritmo de vida.” Sua preferência é compartilhada por Miguel Sánchez, de 29 anos. “Gosto bastante das propostas econômicas de Lasso, que propõe um mercado mais aberto aos investimentos estrangeiros como forma de gerar empregos e desenvolver o país sem depender tanto do petróleo.”

Votar pela oposição não quer dizer necessariamente desconhecer os avanços conquistados pelo governo da revolução cidadã. “Correa fez muitas coisas boas pela saúde e educação, avançou bastante”, analisa Juana Vera, 22. “Mas sua personalidade não me agrada.” Outros, sim, gostam do estilo do presidente. “É um candidato com muita força e realizou muitas mudanças sociais no país, principalmente no nível político do povo”, analisa Lucía Moscozo, 33. “Agora estamos todos mais abertos a opinar sobre política de uma forma muito mais clara. Há menos indiferença.”

Para Marina Rodríguez, 52, Rafael Correa é o único candidato que se preocupa pela população. “Antes, os governos só faziam enriquecer-se e nada mais”, compara, reconhecendo alguns erros de sua administração. “Em todos os lados há corrupção, não digamos que não. Só que antes havia mais – sem que houvesse as obras que existem agora. Rafael Correa se preocupou muito com as pessoas com as necessidades especiais e pelos trabalhadores que antes não tinham seguro social. O salário mínimo aumentou. Vi bastante justiça nesse governo.”

Apesar das intensas reclamações da oposição sobre a má organização das eleições, nenhuma das pessoas entrevistadas queixou-se da estrutura preparada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para o pleito nos colégios eleitorais visitados por mim no sul e no norte da cidade. Pelo contrário, todos elogiaram a rapidez com que sufragaram e alguns atestaram que o processo está cada vez melhor.

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