Ação preventiva

Países suspendem vacina da AstraZeneca, mas ainda não há indícios de problemas

Agência Europeia de Medicamentos afirmou não ter registrado ocorrências da relação entre imunizante e formação de coágulos sanguíneos. Ação de países tem caráter preventivo e na quinta-feira deverá haver uma conclusão

Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini
Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini
A Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, na última sexta-feira (12), o registro definitivo para a vacina da Oxford/AstraZeneca

São Paulo – O uso da vacina da AstraZeneca foi suspenso, nesta segunda-feira (15), em pelo menos 15 países, entre eles, Alemanha, Espanha, França e Itália. A paralisação é feita de maneira preventiva, depois que problemas sanguíneos foram relatados em pessoas vacinadas, como dificuldades de coagulação. Entretanto, nesta terça-feira (16), a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) afirmou não ter indícios de que a imunização contra a covid-19 feita com o medicamento da AstraZeneca tenha influenciado na formação de coágulos sanguíneos.

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A diretora-executiva da EMA, Emer Cooke, ressaltou que, no momento, não há conhecimento de que a vacinação tenha causado os problemas, já que não apareceram nos testes clínicos e não estão listados como efeito colateral esperado para o imunizante. “Nos testes clínicos, tanto as pessoas vacinadas quanto as que receberam placebo não mostraram mudanças na avaliação dos dados de coagulação. E o número de eventos de formação de coágulos entre os vacinados também não parece ser maior do que o observado na população em geral”, disse ela.

A Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, na última sexta-feira (12), o registro definitivo para a vacina da Oxford/AstraZeneca, que já está em uso emergencial no país há mais de um mês. O imunizante é o segundo a receber a chancela, após o da Pfizer, que ainda está indisponível no Brasil.

Vacina suspensa

A vacina da AstraZeneca, feita em parceria com a Oxford, já foi aplicada em 17 milhões de pessoas no Reino Unido e na União Europeia, segundo a própria farmacêutica. A empresa afirma que, até o último domingo (14), apenas 40 casos de trombose foram relatados.

A Áustria foi o primeiro país a suspender o uso da vacina, no dia 7 de março. Noruega e Dinamarca seguiram a medida de precaução quatro dias depois. No último dia 12, a Tailândia se tornou o primeiro país não-europeu a suspender a vacina, seguido pela República Democrática do Congo e pela Indonésia.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) irá revisar os procedimentos de segurança da vacina ainda nesta terça-feira (16). Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da entidade, afirmou que ainda não há evidências que liguem a vacina da AstraZeneca aos casos de trombose.

Já Cooke afirmou ainda que o painel de especialistas analisa se há qualquer relação de causa entre o uso da vacina da AstraZeneca e os casos adversos ou se eles foram originados por outras causas, o que requer uma análise rigorosa de todos os dados disponíveis dos eventos.

“Vamos nos reunir novamente na quinta-feira (18) para chegar a uma conclusão com toda a informação disponível e nossos especialistas vão nos aconselhar caso haja alguma recomendação adicional que precise ser tomada – e informaremos o público sobre isso imediatamente após essa reunião”, concluiu a diretora-executiva da EMA.