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Se a população não ficar em casa, mortes podem chegar a 1,15 milhão no país

Estudo desmente Bolsonaro, que fala em “algumas mortes”. E estima em 188 milhões de infectados, dos quais 6,2 milhões sendo internados e 1,5 milhão em UTI

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UTIs na Itália estão lotadas. Estratégia precisa reduzir a contaminação para preservar vidas e impedir o caos na rede hospitalar

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender hoje (27) o fim do isolamento decretado por governadores para conter a disseminação do novo coronavírus. No começo da noite, em entrevista à TV, chegou a dizer que “infelizmente algumas mortes terão, paciência, acontece, e vamos tocar o barco”. E que “o brasileiro tem de trabalhar”, que “esse negócio de confinamento aí tem que acabar”.

O Brasil tem 92 mortes confirmadas pela Covid 19 e 34.117 pessoas infectadas.

O governo – que contraria recomendações de autoridades científicas e sanitárias nacionais e internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) para o enfrentamento à pandemia, sem apresentar qualquer estudo científico que seja – insiste no fim da estratégia decretada por governadores. Tanto que chegou a contratar uma agência por R$ 4,8 milhões para fazer propaganda.

Mas a tese do governo não tem mesmo sustentação. Um estudo realizado pelo Imperial College de Londres, publicado nesta quinta-feira (26), traça um cenário catastrófico caso a estratégia do isolamento social seja abandonada no Brasil – o cenário mais dramático resultante de cálculos epidemiológicos a partir de dados de infecção, evolução e mortalidade.

Segundo os pesquisadores, que são especialistas em doenças transmissíveis, sem medidas de isolamento, com as pessoas voltando à vida normal, o corona contagiaria 188 milhões de pessoas, sendo que 6,2 milhões necessitariam de hospitalização, 1,5 milhão teriam necessidade de UTI e o país pode ter até 1,15 milhão de mortos. Caso fossem adotadas restrições mais drásticas e precoces,  a estimativa de mortos cairia para 44 mil.

Uma estratégia mais branda, com proibição apenas de eventos, redução na circulação e pequenas aglomerações, as mortes chegariam ao número de 627 mil. Seriam infectados 122 milhões, dos quais 3,5 milhões iriam precisar de hospitalização e 831 mil de UTI.

Protegendo os idosos – os mais vulneráveis – as complicações e mortes chegam a 530 mil. Nesse cenário, eles só deveriam sair de casa quando absolutamente necessário. Por causa da circulação das pessoas mais jovens, haveria 121 milhões de infectados, 3,2 milhões necessitando de hospitalização de 702 a ponto de precisar de UTI.

Outros estudos britânicos, como os da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, da rede pública de ensino superior britânica, também atestam que quarentenas e restrições de circulação reduzem em até 92% a gravidade que a pandemia alcançaria lá pela metade do ano em comparação com nenhuma estratégia adotada. E em 24% a esperada para o final do ano. Foram intervenções como estas que permitiram que Hubei, na China, e em outros países asiáticos evitassem uma situação ainda mais grave”.