São Paulo –  Em participação no Entre Vistas desta semana, programa da TVT comandado por Juca Kfouri, o líder da Federação PT-PcdoB-PV na Câmara, deputado Zeca Dirceu (PT-PR), afirmou que o “empoderamento” do Congresso Nacional nos últimos anos é “um fato”. Ainda assim, declarou que “o Brasil não será refém de ninguém”. Nesse sentido, ele afirmou que as instituições do país amadureceram. E que a capacidade política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva garante “total segurança e tranquilidade”.

“Esse empoderamento do Congresso é um fato. O Congresso hoje é muito mais poderoso do que era 10 ou 20 anos atrás. E tenho uma percepção que é irreversível. Agora, dá para equilibrar um pouco melhor? Dá, e isso já está sendo feito. Não existe mais o orçamento secreto”, afirmou Zeca Dirceu.

O líder do governo também foi prudente ao comentar as denúncias que atingem aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Disse que não percebeu nenhuma “grande mudança” no comportamento de Lira, desde que as denúncias vieram a público nas últimas semanas. Ele disse que prefere adotar um comportamento “cuidadoso” e aguardar a Justiça cumprir o seu papel.

Nesse sentido, ele afirmou que a relação do governo com o Congresso vive um momento “positivo”, após algumas derrotas e desencontros no início do ano. Para a próxima semana, por exemplo, ele espera aprovar diversos projetos de interesse do Planalto, especialmente a reforma tributária.

Reforma tributária

Sobre esse tema, Zeca Dirceu afirmou que a reforma tributária não termina com a eventual aprovação da proposta que simplifica os tributos sobre o consumo. “Nós vamos adiante mexer sim na tributação principalmente da renda e do patrimônio”, sinalizou Dirceu. Ainda assim, ele afirmou que a atual proposta em tramitação é importante para combater a sonegação e, assim, aumentar a arrecadação do governo.

Por outro lado, ele estacou algumas mudanças de caráter “social” que considera importantes. Por exemplo, o  mecanismo de “cashback” que devolve aos contribuintes mais pobres uma parte dos impostos arrecadados sobre itens considerados essenciais, como alimentos da cesta básica. Outro item que consta na proposta que ele considera positivo é a cobrança de IPVA sobre embarcações e aeronaves, que são isentas atualmente.

Por outro lado, ele afirmou que o país precisa taxar os “milionários e bilionários“. “Nós estamos muito decididos, sei que isso é um pensamento do governo também que, aprovada na câmara e no Senado, a reforma tributária não termina aqui. Nós vamos continuar para ter, sim, uma mexida na tributação de renda e na tributação de patrimônio”.

Como lidar com bolsonaristas

No Entre Vistas, Zeca Dirceu também criticou a atuação dos bolsonaristas na Câmara. Disse que são parlamentares que vivem do conflito, do ódio e da mentira. Nesse sentido, ele disse que procura “ignorar” determinadas polêmicas infundadas. Em outros casos, aposta no rigor da Lei.

“Já cansei de assinar denúncias ao Conselho de Ética, ao procurador-geral da República e ao Supremo Tribunal Federal (STF), sempre que eu vejo um deputado cometendo atos absurdos, insanos, criminosos, que afrontam direitos, que afrontam questões da civilidade humana, que muitas vezes falta a esse pessoal. Então eu uso esse misto, de ignorar em alguns casos, agindo com rigor da Lei, denunciando os absurdos, em outros”.

Ainda assim, ele pregou a convivência democrática com os diferentes. “Quem escolheu, quem elegeu, foi uma parcela da população, e essa parcela da população, é claro, merece ser considerada, merece ser respeitada”. No geral, Zeca Dirceu afirmou que o Congresso Nacional tem, sim, “muita gente boa”, sobretudo nos partidos de esquerda, mas também nos de centro. Até mesmo na direita, ele disse que há “gente decente”.

Confira o Entre Vistas com Zeca Dirceu