'Messias do Apocalipse'

TSE manda YouTube tirar do ar vídeo da CUT que responsabiliza Bolsonaro por mortes de covid. Assista

Gravação da central lembra falas de Bolsonaro como “eu não sou coveiro, tá?”, ou atitudes como zombar de pessoas com falta de ar

Reprodução/Youtube
Reprodução/Youtube
Vídeo da CUT cita várias falas e atitudes de Bolsonaro sobre a pandemia que foram consideradas criminosas pela CPI

São Paulo – A ministra Maria Claudia Bucchianeri, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou na noite dessa terça-feira (23) a retirada do ar, pelo YouTube, de um vídeo em que a CUT responsabiliza Jair Bolsonaro por mortes de brasileiros na pandemia de covid-19. A magistrada atendeu a pedido da coligação formada pelo PL, partido de Bolsonaro, e Republicanos, dominado pelo bolsonarismo. O prazo para a retirada do conteúdo é de 24 horas. Assista à gravação abaixo.

Na decisão, Bucchianeri  ressalta que o vídeo diz que “necropolítica não é só deixar morrer, é fazer morrer também” e utiliza expressões como “negacionismo”, “falta de empatia”, “desinformação”, e “em breve fora do palácio”.

A peça divulgada pela CUT cita várias falas e atitudes de Bolsonaro sobre a pandemia que foram consideradas criminosas pela CPI da Covid no ano passado, como “eu não sou coveiro, tá?”, ou ao debochar do sofrimento das pessoas que perderam entes queridos: “Vão ficar chorando até quando?”, disse o chefe de governo.

O vídeo lembra o ocupante do Palácio do Planalto imitando uma pessoa com falta de ar. Menciona também a fala do candidato à reeleição em que zomba da vacina contra a doença, dizendo que as pessoas podiam “virar jacaré” ao se imunizar. O relatório da CPI pediu indiciamento de Bolsonaro por diversos crimes, mas o procurador-geral da República, Augusto Aras, até hoje não tomou nenhuma atitude.

Efeito bumerangue

Com o título O Messias do Apocalipse, a gravação tem 37 segundos e foi publicada em 19 de julho pela CUT no Youtube. Segundo o portal UOL, o vídeo havia sido visualizado 51 vezes até as 23h20 de ontem (23). Porém, com a notícia da decisão, as visualizações passavam de 4 mil até o meio-dia desta quarta (24). Para a ministra, o vídeo configura propaganda eleitoral antecipada negativa, conforme argumentaram os partidos, ao atacar a honra de Bolsonaro com a “suposta intenção do Presidente da República em praticar o ato”, segundo a petição.

“Como se sabe, a CUT é uma entidade associativa de representação sindical, voltada à defesa dos trabalhadores, e a sua natureza é de pessoa jurídica sem fins lucrativos. Assim, é necessário reconhecer o seu impedimento legal na promoção de qualquer tipo de propaganda eleitoral na Internet, considerando-se, inclusive, a possível ilegalidade com o dispêndio de recursos financeiros para produção de material publicitário direcionado a campanha política”, disse a ministra na decisão.

Nota da CUT

Em nota divulgada na tarde de hoje, a CUT esclarece que o vídeo objeto da decisão do TSE é, na verdade, um “compilado de fatos públicos e notórios, amplamente divulgados pela imprensa brasileira e internacional, que retratam a péssima gestão da saúde feita pelo atual governo.”

O texto, assinado pelo presidente nacional da entidade, Sergio Nobre, diz ainda que, como entidade sindical, a central “tem o direito e o dever de defender os interesses da classe trabalhadora que representa”. Assim, “tem legitimidade para criticar atos de governo que afetem trabalhadores e trabalhadoras”.

A CUT afirma que não pode se manifestar sobre a decisão propriamente dita, pois desconhece o seu conteúdo.

Assista ao vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=DC5r7mtM4Bw