Tribunal de Contas paulista cobra explicações do Metrô sobre trens ‘canibalizados’
Composições H59, K09, K17, K21 e L43 têm lâmpadas, painel de operação, freios, bancos, luminárias e fechaduras de portas removidos para realizar a manutenção de outros trens
Publicado 10/03/2016 - 16h26
São Paulo – O Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo determinou que o presidente da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), Paulo Menezes Figueiredo, designe diretores da empresa para explicar a “canibalização” de cinco trens da companhia, para garantir a manutenção de outros trens devido à falta de peças no estoque. Conforme denunciado pela RBA na terça-feira (8), as composições H59, K09, K17, K21 e L43 estão tendo lâmpadas, painel de operação, freios, bancos, luminárias e fechaduras de portas removidos no pátio de manutenção de Itaquera.
O autor da convocação é conselheiro Antonio Roque Citadini, que pede que os diretores do Metrô “esclareçam à área de engenharia do Tribunal, e à fiscalização, tal ocorrência, e respondam a quesitos que lhes serão oferecidos pelos técnicos do Tribunal”.
Os trens que servem de almoxarifado – ou que são “canibalizados”, como dizem os metroviários – são modelos mais novos, que entraram em operação em 2010 (frota H) e 2011 (os demais), e a frota K é formada por 25 trens da frota C que foram modernizados – em um pacote de 98 composições modernizadas ao custo de R$ 1,7 bilhão. Além desses, outros seis estão parados por falta de peças para que seja feita sua manutenção.
Saiba mais:
- Sem estoque de peças, Metrô ‘canibaliza’ trens para fazer manutenção
- Trabalhadores denunciam que Alckmin retirou R$ 255 milhões do Metrô
De acordo com o Fernandes, essa situação pode pôr em risco a segurança de passageiros e dos trabalhadores. “Determinadas peças que são reutilizadas já estão deterioradas ou desgastadas. Não passam por uma análise minuciosa”, disse o secretário-geral do sindicato, Alex Fernandes. “São 11 trens parados no total, sendo cinco em Itaquera e seis no Jabaquara. E esses acabam sendo ‘canibalizados’, pois como não há determinadas peças, aproveitam e tiram as peças deles para garantir a operação de outros trens”, completou Fernandes.
Segundo os trabalhadores, faltam cerca de 3 mil peças no setor de manutenção do Metrô, dentre os quais, vidros de janelas, portas, fechaduras, lâmpadas, faróis, motores de tração, bancos de passageiros e de operadores, redutores, contrassapatas e até extintores de incêndio.
De acordo com Fernandes, os trabalhadores do setor de manutenção estão sendo pressionados a liberar os trens para que voltem à circulação, mesmo que não estejam em condições. “No horário de pico, a situação é muito difícil. Os trens já andam muito lotados se tiver a frota toda operando, imagina se falta uma ou duas dezenas de composições”, afirmou o metroviário.