precarização

Metroviários veem ‘plano de privatização’ em programa de demissão no Metrô

Presidente do sindicato da categoria ressaltou que Alckmin tirou dinheiro do Metrô e não houve novas contratações na empresa em 2015

Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress

Metroviários avaliam que serviço perderá ainda mais qualidade e que projeto é privatista

São Paulo – O presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino de Melo Prazeres Júnior, avaliou como “jogada política pela privatização do serviço”, o anúncio da Secretaria dos Transportes Metropolitanos, feito hoje (13), de que a Companhia do Metropolitano (Metrô) vai implementar um programa de demissão voluntária (PDV) para reduzir custos na companhia. “O governador (Geraldo Alckmin) retirou dinheiro da gratuidade do Metrô alegando que ele era sólido financeiramente, agora vêm dizer que não têm dinheiro?”, questionou.

Ele fez referência a manobra de Alckmin para reduzir o déficit nas contas do estado, que no ano passado chegou a R$ 1,38 bilhão. O governador suspendeu o repasse de R$ 66,1 milhões dos valores referentes à gratuidade de passageiros do Metrô, para cobrir o rombo. O que levou a empresa a um déficit de R$ 73,9 milhões, em 2015, segundo relatório de sustentabilidade divulgado no dia 5.

O valor total das gratuidades estimado pelo governo Alckmin para 2015 era de R$ 330,5 milhões. Mas apenas R$ 264,4 milhões foram repassados. Assim, a receita do Metrô ficou em R$ 2,269 bilhões, mas as despesas foram de R$ 2,343 bilhões. Se o valor total das gratuidades tivesse sido repassado, o déficit seria de R$ 7,8 milhões, em vez dos R$ 73,9 milhões aferidos.

A secretaria não detalhou como vai funcionar o programa, mas definiu que os trabalhadores que aderirem ao plano serão substituídos por prestadores de serviços. Ainda assim, garantiu que não haverá prejuízo nos serviços à população. Segundo a pasta, a medida já foi aprovada no governo e será remetida à Procuradoria-Geral do Estado (PGE) para consulta.

Para Altino, vai haver precarização dos serviços do Metrô. “Normalmente esses planos fecham postos de trabalho. Não é substituição. Não houve contratações em 2015, nem mesmo por casos de falecimento. Faltam servidores em todas as áreas cobertas por trabalhadores concursados: Segurança, operação, manutenção”, afirmou. O Metrô tem cerca de 9,4 mil trabalhadores.

O sindicalista avalia que o objetivo é a privatização. “O governador já anunciou a entrega de linhas em obras para a iniciativa privada (17-Ouro e 5-Lilás, além da linha 6-Laranja, que já foi contratada em regime de parceria público-privada). Neste ano já iniciou vários ataques aos direitos dos trabalhadores. É precarização para vender.”