Derrota

STJ mantém liminar contra correção do valor do IPTU em São Paulo

Prefeitura avalia agora recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra decisão do Tribunal de Justiça que provoca perda de R$ 800 milhões em arrecadação no próximo ano

Silva Junior/Folhapress

A lei sancionada por Haddad prevê redução de valores em distritos com menos estrutura urbana

São Paulo – O Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou hoje (18) pedido da Prefeitura de São Paulo para suspender liminar do Tribunal de Justiça paulista que impede a aplicação da correção no valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), aprovada em projeto de lei enviado pelo Executivo à Câmara Municipal.

Em nota, o presidente do STJ, ministro Felix Fischer, explicou que o pedido da administração Fernando Haddad (PT) não é correto do ponto de vista jurídico. A prefeitura se valeu da Lei 8.437, de 1992, que tenta impor limites à concessão de medidas cautelares contra o poder público. Fischer avaliou que a legislação não dispõe sobre ação direta de inconstitucionalidade, que é a maneira pela qual PSDB e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) conseguiram impor derrota à gestão municipal.

A prefeitura recordou também que os desembargadores do TJ não permitiram que seus representantes pudessem fazer a defesa oral durante a sessão que deliberou pela concessão da liminar.

O presidente do STJ informou ainda, no comunicado, que o caminho correto para contestar a decisão do Judiciário estadual é a apresentação de recurso ao Supremo Tribunal Federal. De fato, também em nota a administração Haddad informou que agora avalia adotar este expediente.

O texto reitera que a lei sancionada pelo prefeito garante um reajuste médio de 14,06% na Planta Genérica de Valores, base para o cálculo do IPTU. Para imóveis residenciais o aumento será de 10,66%, na média, mas as regiões da cidade com menor infraestrutura urbana terão, no geral, redução.

O imposto não é corrigido desde 2009, e hoje, segundo a prefeitura, os valores venais correspondem a 30% do valor de mercado – com a lei, passariam, em média, a 59% do valor de mercado. Na ação enviada ao STJ, a administração alega que perderá R$ 800 milhões em arrecadação no próximo ano, e R$ 4,2 bilhões até 2016, último ano de mandato de Haddad.

Levantamento feito pela RBA mostra que a proposta barrada pela Justiça significaria redução de valor para um quarto dos imóveis, 3,4 milhões de pessoas. 25 dos 96 distritos teriam redução entre 0,6% e 12,1% em 2014, a maior parte deles nas zonas leste e sul da cidade.

Outros 3,6 milhões de moradores da capital teriam reajuste de no máximo 5,7%, abaixo da estimativa de inflação oficial. Nos demais casos, 1,4 milhão de habitantes, em 14 distritos, teriam reajuste entre 5% e 10%. Outros 740 mil teriam IPTU entre 10% e 15% mais caro. E 1,8 milhões, que vivem na região central da cidade, teriam aumento acima de 15%.