Inimigo da educação

Sindicato processa Eduardo Bolsonaro por comparar professores a traficantes

Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR) quer R$ 60 milhões de indenização, além de retratação por declaração que incita o preconceito e o ódio contra a categoria

Reprodução/Youtube
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“Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante de drogas", disse Eduardo Bolsonaro

São Paulo – A Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR) entrou com uma ação na Justiça Federal contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por uma declaração sua, comparando professores a traficantes de drogas. Ele proferiu o impropério durante um ato pró armamentismo em junho deste ano.

“Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante de drogas que tenta sequestrar e levar os nossos filhos para o mundo do crime. Talvez até o professor doutrinador seja ainda pior, porque ele vai causar discórdia dentro da sua casa, enxergando opressão em todo tipo de relação. Fala que o pai oprime a mãe e a mãe oprime o filho e [que] aquela instituição chamada família tem que ser destruída”, declarou o parlamentar.

Para a APUFPR, as ofensas proferidas pelo parlamentar veiculam estereótipos que reforçam abusivamente a discriminação e o preconceito contra as professoras e os professores. Nesse sentido, ferem a honra de toda a categoria docente.

Assim, o sindicato pede a reparação por “danos morais homogêneos individuais”, no valor de no mínimo R$ 20 mil reais por cada um dos mais de 3.100 docentes filiados. Desse modo, a indenização total, em caso de condenação, chegaria a aproximadamente R$ 60 milhões. 

Além disso, a associação exige retratação pública do deputado, com veiculação nos principais meios de comunicação do país. Nesse sentido, os docentes destacam a gravidade e a repercussão dos ataques aos professores, compartilhados por “uma gigantesca horda de seguidores igualmente radicalizados”.

Ódio à educação

Do mesmo modo, a APUFPR destaca que a conduta do deputado coloca em risco a integridade física de todas as professoras e professores, “ao incitar o preconceito e o ódio contra toda a categoria, instigando militantes radicalizados e armados a agirem e tratarem os docentes como “inimigos” das famílias brasileiras”. No processo, a entidade também pede a responsabilização “solidária” do Estado brasileiro, já que as ofensas partiram de agente público que deveria respeitar as leis e os princípios constitucionais.

Passando vergonha na Argentina

Nesse domingo (22), Eduardo Bolsonaro esteve em Buenos Aires, capital da Argentina, para apoiar o candidato da extrema direita, Javier Milei, durante o primeiro turno das eleições. Novamente sua obsessão por armas causou constrangimento. Desta vez, foi durante entrevista a um emissora de TV argentina, quando defendeu o acesso a armas no país vizinho, proposta endossada por Milei. “Colocar adiante armas de fogo nas mãos dos cidadãos significa dar condições de que tenham a legítima defesa”, afirmou o “zero três”.

No entanto, sua declaração não foi bem recebida. O apresentador do canal C5N, o jornalista e analista Gustavo Sylvestre, mandou cortar a fala de Bolsonaro e respondeu: “Muito generosa é a Argentina e os argentinos por receber este tipo de gente… Por isso que os brasileiros, com lógica, tiraram o seu pai do poder, felizmente”.