Lavajatismo

Sergio Moro faz petição para tirar do STF caso das acusações feitas por Tacla Duran

Ex-juiz da Lava Jato é acusado de envolvimento em esquema de extorsão. O agora senador quer que caso seja remetido ao TRF-4, onde tem histórico de decisões “favoráveis”

Marcos Oliveira/Agência Senado
Marcos Oliveira/Agência Senado
Senador preocupado. Tacla Duran apresentou vídeos e fotos que comprovariam a extorsão praticada por um grupo de advogados ligados a Moro e Dallagnol

São Paulo – O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) pediu ao juiz Eduardo Fernando Appio que reconsidere a decisão que encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) as denúncias de “extorsão” e “perseguição” feitas nesta segunda-feira (27) pelo advogado Rodrigo Tacla Duran contra o próprio ex-juiz da Lava Jato e o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-procurador da operação. 

Em petição nesta terça (28), assinada pelo advogado Luis Felipe Cunha, seu primeiro suplente no Senado, Sergio Moro considerou a decisão do magistrado “equivocada”. Segundo o parlamentar, o caso só poderia ser remetido ao STF “se o ato praticado no exercício da função e enquanto perdurar o exercício do cargo”. Ele argumenta, no entanto, que a extorsão apresentada por Tacla Duran não teria sido praticada no exercício de seu mandato parlamentar. Mas sim durante sua atuação como juiz. O que também vale para Dallagnol, na época procurador da República. 

Moro ainda sugeriu ao magistrado, que hoje ocupa o mesmo posto do senador na 13ª Vara Federal de Curitiba, que se abstenha de praticar novos atos nesse e em outros inquéritos que ainda tramitam na vara relacionados à Operação Lava Jato. Segundo Moro, Appio não pode proferir novas decisões antes de decidir sobre um pedido de suspeição formulado pelo Ministério Público Federal (MPF). Ele questiona a imparcialidade do atual juiz. Para o senador, caso Appio rejeite a exceção de suspeição, o pedido deve ser remetido ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Na corte, no entanto, 8ª Turma é conhecida pelo histórico de decisões favoráveis a Moro. 

Entenda o caso 

Nesta segunda, Tacla Duran, que representava a empreiteira Odebrecht, prestou novo depoimento em que reafirmou ser vítima de extorsão e perseguição por parte de Dallagnol e procuradores da Lava Jato. O processo de perseguição, disse ele, segue até hoje. Tacla Duran também apresentou vídeos e fotos que comprovariam a extorsão praticada por um grupo de advogados ligados a Moro e ao deputado federal. 

O advogado, acusado de ser um operador do “departamento de propina” da construtora mostrou que, para não ser preso, fez uma transferência bancária para o escritório de um advogado parceiro da esposa de Sergio Moro, a também advogada Rosângela Moro, hoje deputada federal pelo União Brasil-SP, em ações da Federação da Apae no Paraná, e também na defesa da família Simão, um caso que ficou conhecido como “máfia das falências”.

Tacla Duran também mostrou o comprovante do depósito. Os relatos foram colhidos por Appio que decidiu encerrar o depoimento e encaminhar o caso ao STF, por conta do foro privilegiado dos hoje congressistas. O ex-juiz da Lava Jato alega, no entanto, que as acusações são falsas e que a audiência judicial foi feita para colher uma notícia-crime “requentada”. Moro ainda disse preferir ser processado e julgado perante a um juiz de primeira instância, “desde que imparcial”, declarou na petição. 

Ele também argumentou que o atual magistrado estaria “atrasado” na resposta ao pedido de suspeição, aberto em 15 de março. Desde 2017, no entanto, Tacla Duran faz acusações contra a atuação da força tarefa da Lava Jato. Após citar Moro e Dallagnol, o advogado foi incluído pela Justiça em programa de proteção de testemunhas. 

(*) Com informações do Conjur