CPI da Covid

Randolfe desmente Aras e ameaça com impeachment por prevaricação. ‘Já tenho as assinaturas’

“Aras deu pra esse mau costume de faltar com a verdade desde que começou a andar com Bolsonaro”, rebateu o senador sobre postura do procurador-geral

Rosinei Coutinho//STF e Waldemir Barreto/Agência Senado
Rosinei Coutinho//STF e Waldemir Barreto/Agência Senado
"Eu já tenho as assinaturas necessárias para o impeachment de Augusto Aras", diz Randolfe

São Paulo – O relatório da CPI da Covid, entregue em 27 de outubro ao procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, voltou a ser objeto de embate entre o chefe da PGR e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que integrou a cúpula do colegiado. Em entrevistas concedidas entre ontem e hoje (16), Aras tentou desqualificar o trabalho da comissão, afirmando que o relatório que recebeu contém “informações desconexas, desorganizadas”. O PGR disse ainda que teria determinado um prazo de 10 dias na próxima sexta (18).

Em resposta, Randolfe acusou Aras de mentir e, deliberadamente ou não, fazer confusões. Em primeiro lugar, em relação à data da entrega do relatório, que não foi em 27 de novembro, como o PGR afirmou à CNN Brasil, mas um mês antes, em 27 de outubro. Naquele dia, o próprio site do MPF informou que Augusto Aras “recebeu na manhã desta quarta-feira (27) cópia integral do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, aprovado ontem pelo colegiado”. O dia 27 de novembro, aliás, foi um sábado.

Randolfe contestou hoje, na mesma emissora, a alegação do PGR de que deu prazo de dez dias aos senadores para entregarem os documentos com provas. “Esse prazo não foi o senhor Aras que nos impôs. Esse prazo, para socorrer o senhor Aras, foi dado por nós mesmos”, afirmou o senador.

O senador do Amapá afirmou que até sexta-feira os documentos requisitados pelo procurador-geral serão entregues. Em novembro, Aras já foi convidado a ir à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado explicar a falta de providências. Ele se recusou a comparecer.

Aras e o princípio da inércia

Aras “deu pra esse mau costume” de faltar com a verdade desde que começou a andar com Bolsonaro, acrescentou o parlamentar. Ao receber o relatório, conforme a publicação do MPF na época, o procurador-geral declarou que o material iria “contribuir para que possamos dar a agilidade necessária à apreciação dos fatos que possam ser puníveis seja civil, penal ou administrativamente”. Passaram-se 100 dias, e nada aconteceu.

“Não está previsto na CF o princípio da Inércia Ministerial. Se o Sr. PGR não atuar em defesa do interesse público, procuraremos outros meios para que ele pegue no trabalho”, escreveu Randolfe no Twitter. “Eu já tenho as assinaturas necessárias para o impeachment de Augusto Aras”, garantiu o parlamentar.