Entrevista

‘Queremos dar voz aos silenciados pela imprensa comercial’, defendem apresentadores do ‘TVT Cidades’

Novo programa da TVT pretende debater as questões prioritárias das cidades, que irão movimentar o debate eleitoral

(twitter/@governo_rs)
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"Candidatos que representam mercado financeiro, grandes empresas de construção, prefeitos que têm seus esquemas armados, eles têm a mídia tradicional a seu dispor"

São Paulo – A TVT começou a exibir nesta semana o programa TVT Cidades. A atração vai ao ar diariamente, das 18h às 18h30, no Jornal Brasil Atual (FM 98,9 na capital), além de redes sociais e YouTube. E é apresentado pelos jornalistas Cosmo Silva e Rafael Garcia, com participações especiais de Larissa Bohrer. Eles destacaram a relevância do programa, particularmente em um cenário pré-eleitoral. Na pauta, questões que envolvem o dia a dia das cidades com especialistas e vozes, muitas vezes, silenciadas na imprensa comercial.

“Candidatos que representam mercado financeiro, grandes empresas de construção, prefeitos que têm seus esquemas armados, eles têm a mídia tradicional a seu dispor. E quem representa comunidades carentes, nunca encontra espaço para ter voz, para levar o que eles pensam e seus projetos”, explica Rafael. Nesta primeira semana, os jornalistas já ouviram vereadores e lideranças sociais. Além disso, entrarão na pauta temas relevantes para grandes cidades paulistas e até mesmo de outros estados.

Confira a entrevista com os apresentadores do TVT Cidades.

Como é formato do programa? Como surgiu a ideia? Contem um pouco sobre o TVT Cidades.

Cosmo: A ideia não surge agora. Eu, o Rafael e a Larissa pensamos em como otimizar o Jornal Brasil Atual. Então, pensamos em criar algo neste sentido. Ouvir pessoas, políticos, especialistas. Enfim, pessoas da sociedade civil que pudessem debater a cidade.

Este é um ano eleitoral, como todos sabem. Teremos eleições municipais para prefeitos e vereadores. Então, temos que pensar e discutir a cidade. Problemas grandes como saúde, educação, mobilidade, moradia, infraestrutura. Então, ouvir essas pessoas para, acima de tudo, dar voz às pessoas. Assim, esperamos ajudar as pessoas para que saibam quem são seus postulantes a representantes.

Rafael: Uma outra coisa que o Cosmo apontou muito importante na proposta do programa é garantir o mínimo de espaço para representantes dos movimentos populares. Porque os candidatos que representam mercado financeiro, grandes empresas de construção, prefeitos que têm seus esquemas armados, eles têm a mídia tradicional a seu dispor. E quem representa comunidades carentes, nunca encontra espaço para ter voz, para levar o que eles pensam e seus projetos. A partir disso, abrimos esse espaço tanto na Rádio Brasil Atual como na TVT, e nos nossos canais no YouTube. Essa é a proposta.

E sobre os temas abordados no programa?

C: Queremos ouvir especialistas sobre temas relacionados às cidades. Por exemplo, a questão do escândalo que a RBA deu com propriedade, bem como outros parceiros, a questão do superfaturamento nos cemitérios após a privatização. As pessoas estão pagando muito, tiraram a gratuidade. Queremos trazer especialistas para falar sobre a cidade. No que diz respeito ao Plano Diretor, o que eles pensam a respeito. Enchentes, enfim. O programa é diário no Jornal Brasil Atual que começa às 17h e vai até 18h30. Das 18h às 18h30, o quadro TVT Cidades será inserido na programação.

Dentro da ideia de dar voz para movimentos populares, é possível adiantar o que vem por aí?

R: Pensamos em trazer, por exemplo, a Erminia Maricato (arquiteta e urbanista) para falar da questão de moradia. Temos alguns pré-candidatos definidos. Estamos acertando datas para Guilherme Boulos (Psol), também o candidato da Federação Brasil da Esperança (PT/PV/PCdoB) em São Bernardo do Campo, o Luiz Fernando Teixeira. Alencar Santana Braga, também da federação, em Guarulhos. Enfim, as principais cidades, queremos abrir espaços prioritariamente para o campo progressista. Contudo, isso não significa que seremos sectários. Só não vamos convidar quem não respeita democracia.

C: Inclusive, já discutimos o convite para a pré-candidata Tabata Amaral (deputada federal pelo PSB). Faremos o convite. Cabe a eles decidir. Também vamos fazer um giro. Ouvir gente do interior, como Piracicaba, onde a Professora Bebel (deputada estadual pelo PT) é candidata. Beth Sahão (também deputada) em Catanduva. A Telma de Souza (vereadora e ex-prefeita), em Santos. Começamos nesta semana e sabemos que gente de fora de São Paulo também pode entrar. Pensamos na Maria do Rosário (deputada e ex-ministra), pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre, por exemplo. Vamos abrir os microfones, redes sociais e YouTube para dar voz. A partir daí, a população poderá escolher com assertividade seus candidatos.

Além do Executivo, temos uma eleição de grande relevância nos Legislativos municipais. Qual a relevância de ouvir os postulantes ao cargo de vereador?

R: Isso faz parte de todo nosso projeto. Trouxemos, na primeira semana, o vereador Hélio Rodrigues, do PT em São Paulo. Hoje teremos a vereadora Ana Nice Martins, de São Bernardo do Campo.

E como serão os próximos programas?

C: Orientamos para todos que venham aqui no estúdio da rádio. É ao vivo, na Avenida Paulista, na capital. Nós na bancada, microfone para todos. Eu e o Rafael entrevistamos. É um programa diário.

Por fim, uma visão mais analítica, como vocês imaginam que será o pleito deste ano? Qual será o impacto destas eleições?

R: Não tenho dúvidas de o que acontecer nos municípios de São Paulo vai influenciar diretamente nas eleições daqui a dois anos. Para governador, deputados, presidente. Então, queremos com isso já abrir a discussão e a necessidade de pluralidade no campo progressista desde já. Porque isso é fundamental para garantirmos a possibilidade de conversa nas eleições de 2026. Isso é fundamental, discutir desde já. Teremos muito debate e questões antagonicas entre neoliberais e os que defendem o Estado social.

C: Infelizmente, o cenário nacional reflete diretamente hoje nas eleições municipais. Não tem como descolar um do outro. Acima disso, para além disso, pensamos em fortalecer a democracia brasileira. Uma luta que vem desde já. Para além de partidos que compõem a federação, quem estiver disposto a falar, que preze e respeite o Estado democrático de direito, nós ouviremos. Para isso idealizamos esse programa. Além de discutir programas para as cidades, para avançar no diálogo em defesa da democracia.