CORRIDA ELEITORAL

PSB fora da federação com PT não enfraquece campo progressista nas eleições, diz cientista político

Cláudio Couto avalia que disputa entre França e Haddad, em São Paulo, pode frear candidatura de direita no estado

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Apesar de PSB não entrar na federação com PT, manterá Geraldo Alckmin como vice de Lula nas eleições à Presidência

São Paulo – Depois de cerca de quatro meses de negociações, PT, PCdoB e PV decidiram formar uma federação partidária, enquanto o PSB, que negociava até então com as siglas, optou por ficar de fora da união de partidos. Apesar disso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá ter o ex-governador Geraldo Alckmin como seu vice nas eleições de 2022.

Para o cientista político Cláudio Gonçalves Couto, professor do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a ausência do PSB na federação com o PT não enfraquece o campo progressista nas eleições. “A federação nunca foi algo provável, porque os partidos maiores, como PT e PSB, não têm vantagem em se unir e possuem lideranças que entrarão em disputa em alguns estados, como em São Paulo com Marcio França e Fernando Haddad. Para essas legendas o que funciona são as coligações negociadas uma a uma”, explicou ele, em entrevista ao jornalista Rodrigo Gomes, da Rádio Brasil Atual.

Um dos entraves para a união entre PT e PSB é a disputa pelo governo paulista. As duas siglas não abrem mão de lançar seus candidatos, que lideram as pesquisas eleitorais. Cláudio Couto analisa que, se as legendas não se atacarem no pleito, pode ser positivo no enfrentamento à direita. “Se houver um fogo cruzado entre as candidaturas, será algo ruim. Entretanto, se houver um ‘acordo de cavalheiros’, pode ser positivo e tiraria voto de outros candidatos. Assim, quem for para o segundo turno pode ter o apoio de quem ficou de fora”, disse.

Em nota divulgada nas redes sociais – assinada por Partido dos Trabalhadores, Partido Comunista do Brasil e Partido Verde –,  as legendas afirmam que PT, PCdoB e PV decidiram “caminhar para constituir a federação”. No texto, as três agremiações defendem unidade na construção de uma frente para derrotar Bolsonaro.

Mamãe Falei na berlinda

O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aceitou, na última quarta-feira (9), os processos contra o deputado estadual Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, e deu início à tramitação de representação que pode levar à cassação por quebra de decoro parlamentar. 

O cientista político afirma que tudo caminha para a cassação de Arthur do Val. “Até o grupo de extrema-direita na qual ele fazia parte sinalizou para isso. Há uma aposta na demora no processo, porque se prolongar ele esfria. Agora, se correr rapidamente, será cassado”, avaliou.

Historicamente a Assembleia protagonizou momentos de impunidade, como no caso do deputado Fernando Cury, que assediou a deputada Isa Penna (Psol) e foi afastado do cargo por seis meses, sem ser cassado. “A grande diferença do Arthur do Val para o Cury é a menor quantidade de amigos. Arthur do Val criou muitos conflitos dentro da Casa e saiu na pancada com um colega. Depois que ele rompeu com o Bolsonaro, arranjou desafetos com a direita também. Então, ele tem poucos aliados”, afirmou.

Confira a entrevista