Importunação sexual

Parlamentares aprovam decisão do Cidadania de expulsar Fernando Cury por assédio a Isa Penna

Deputada estadual do Psol celebrou a punição como uma “vitória democrática e feminista”. Em dezembro de 2020, Cury foi flagrado se aproximando pelas costas da deputada e, em seguida, levando a mão ao seu seio

Divulgação/Alesp
Divulgação/Alesp
Fernando Cury ainda pode recorrer da expulsão à direção nacional do Cidadania. O deputado estadual também é acusado de importunação sexual na Justiça de São Paulo

São Paulo – Mulheres parlamentares celebraram a decisão do diretório estadual do Cidadania de São Paulo que, ontem (22), determinou a expulsão do deputado Fernando Cury pelo caso de assédio sexual contra a também deputada Isa Penna (Psol). Por 27 votos a 3, a executiva paulista aprovou o parecer do conselho de ética da sigla, que recomendava a expulsão de Cury, quase um ano após o parlamentar ser flagrado importunando Isa.

Em dezembro do ano passado, imagens das câmeras da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) registraram Cury se aproximando pelas costas da deputada e, em seguida, levando a mão ao seu seio. Pelo Twitter, a parlamentar analisou a decisão como uma “vitória democrática e também uma vitória feminista!”, apesar da “demora”.

“Afinal um homem eleito deve (ou deveria) entender que o assédio é assédio”, escreveu.  “Estamos a um ano das eleições no país, que isso também reflita nos candidatos, em quem os partidos irão apoiar e principalmente que tenha igualdade de gênero nas casas legislativas do país todo. Que ele entenda que ele não responde mais a mim e sim à sociedade, a todas as mulheres brasileiras e à Justiça!”, completou Isa Penna. 

Caso de Justiça

Cury ainda pode recorrer à direção nacional do Cidadania. Mas, de acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, a tendência é que a decisão seja mantida, já que o presidente da sigla, Roberto Freire, é um dos atores da representação contra o deputado estadual que originou o processo interno no conselho de ética. O documento também é assinado pelo presidente da executiva paulista, o deputado federal Arnaldo Jardim. 

O parlamentar foi afastado ainda em dezembro das atividades partidárias. Em abril, teve o mandato suspenso por 180 dias pelo plenário da Assembleia, como forma de punição. Ele retornou ao cargo no mês passado. Também vem tentando recorrer na Justiça, desde o início do ano, contra a tramitação do processo de expulsão. Segundo ele, sua “defesa foi cerceada”, e Jardim e Freire “não são imparciais” para decidir sobre o caso. 

Mulheres parlamentares comemoram

A expulsão, contudo, também foi bem vista por outras parlamentares de diferentes partidos. A atriz e vereadora de Salvador pelo PT Maria Marighella também destacou a decisão como uma “vitória da força coletiva de mulheres em todo Brasil. Vitória contra todo tipo de violência de gênero e resposta à Alesp que não cassou seu mandato”, tuitou. A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva também observou a deliberação como o “começo da punição” ao deputado e cobrou “que seja igualmente exemplar a decisão da Justiça”.

Devido ao flagrante, o Ministério Público de São Paulo ofereceu, em março, denúncia contra Fernando Cury, sob a acusação de importunação sexual de Isa Penna. Ele só foi notificado da ação, no entanto, em outubro, quando a Justiça o localizou em seu mandato. Por quatro vezes, em maio e junho, o Tribunal de Justiça (TJ) não conseguiu encontrá-lo. Isso embora Cury participasse inclusive de eventos políticos, incluindo um com o governador João Doria (PSDB) no Palácio dos Bandeirantes, segundo reportagem da Folha.

Leia mais: Violência política contra candidatas é um ‘ataque a todas as mulheres

A ex-deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) também criticou a morosidade do processo. “Demorou. Isa Penna e todas as mulheres merecem respeito! Casos de violência contra as mulheres não podem ficar impunes!”, destacou. Vereadora no Rio de Janeiro pelo Psol, Mônica Benício disse que a resposta do partido foi “exemplar”, mas acrescentou que “é lamentável que ele não tenha tido seu mandato de deputado cassado”. 


Redação: Clara Assunção – Edição: Helder Lima


Leia também


Últimas notícias