Tática

PSB de Eduardo Campos abriga Marina Silva para disputa em 2014

Ex-senadora deve ser vice na chapa do governador de Pernambuco na disputa presidencial. Manobra permite migração a integrantes da Rede após eleições, caso partido venha mesmo a existir oficialmente

Zanone Fraissat/Folhapress

Marina tenta, com Campos, romper polarização PT-PSDB que domina disputa nacional desde 1994

São Paulo – A ex-senadora Marina Silva anunciou hoje (5) filiação ao PSB, depois de o Tribunal Superior Eleitoral vetar a criação de seu partido, a Rede Sustentabilidade. Com a decisão, Marina deve ser vice na chapa com o Eduardo Campos na disputa presidencial do ano que vem. Presidente do PSB, o governador de Pernambuco abandonou recentemente a base de apoio do governo de Dilma Rousseff com vistas a disputa de 2014.

O partido de Campos se constituirá, assim, em abrigo para que integrantes da Rede Sustentabilidade possam também disputar as eleições legislativas federais e nos estados. Dessa forma, poderiam migrar para o novo partido caso, venham a continuar buscando seu reconhecimento legal, sem que percam seus mandatos. A lei da fidelidade partidária permite a mudança se for para uma legenda nova.

O PPS havia se oferecido para que ex-senadora disputasse a presidência pelo partido. Agora, a tendência é o PSB e os partidários de Marina tentarem atrair o apoio do PPS para a chapa. Tanto Marina quanto Campos apostam na possibilidade de constituir uma nova força política competitiva, rompendo a polarização entre PT e PSDB. O PPS, por sua vez, se via na ex-ministra uma perspectiva de candidatura própria, deve desta forma voltar a ser coadjuvante em sua tradicional aliança com o PSDB.

Em entrevista coletiva na tarde deste sábado (5), Marina Silva Afirmou reconhecer a candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República em 2014.  “Ela se disporia a ser vice do Eduardo Campos, porque reconhece a candidatura dele, mas essa discussão será no momento futuro e não há ansiedade nisso”, disse Bazileu Margarido, coordenador executivo da Rede, a um jornal de São Paulo.

Em nota divulgada hoje, os partidos afirmam que decidiram formar a coligação política e eleitoral em torno de um programa para a disputa das eleições de 2014 e que ambos reafirmam a “legitimidade da integridade e da identidade partidária do outro”.

“Tenho que admitir. Jogada de mestre do Eduardo Campos. Não sei se tão interessante para Marina. De qualquer forma, foi muito melhor, para ela, do que se filiar ao PPS, decadente e raivoso”, diz o jornalista Miguel do Rosário, em seu blogo O Cafezinho. “Mas ela terá que explicar a seus eleitores por que entra num partido que conta com Heráclito Fortes, família Bornhausen, e conta com tanto apoio de Ronaldo Caiado”, observa.

Contagem regressiva

O anúncio de Marina foi feito no último dia de filiação partidária para poder concorrer. As regras para as eleições do ano que vem começam a valer a partir deste sábado, um ano antes do primeiro turno do próximo pleito. As normas estão previstas na Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997) e devem seguidas por candidatos, partidos e eleitores, sob pena de multa ou cassação do mandato.

Conforme o calendário eleitoral, hoje é o último dia para que partidos que pretendem participar das eleições de 2014 estejam com o registro do estatuto aprovado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Neste sábado termina também o prazo para que candidatos transfiram o domicílio eleitoral para a cidade onde pretendem concorrer. Os candidatos também precisam estar com a ficha de filiação aprovada pelo partido.

As regras eleitorais para a administração pública começam a valer nodia 1º de janeiro de 2014. O governo fica proibido de distribuir bens, valores e benefícios, exceto em casos de calamidade pública e de programas sociais previstos em lei. A partir do dia 4 de abril, será proibido aumentar  salários de servidores públicos, bem como repor perdas causadas pela inflação.

Em maio, começam a valer os prazos para os eleitores: o dia 7 é o último para pedir transferência do título de eleitor para outra cidade, para alterar o endereço no cadastro eleitoral e para portadores de deficiência pedirem acesso a seções especiais de votação.

As convenções partidárias para escolha dos candidatos e definição das coligações estarão autorizadas de 10 a 30 de junho. Os partidos terão de definir seus representantes para concorrer aos cargos de presidente e vice-presidente da República, governador e vice-governador, senador e respectivos suplentes e deputados federal, estadual e distrital.

A propaganda eleitoral nas ruas e na internet será liberada no 6 de julho e a campanha no rádio e na televisão começará no dia 19 de agosto.

Com informações da Agência Brasil