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Eduardo Campos busca aliados em Porto Alegre e quer ser ‘primeira via’ em 2014

Presidente do PSB volta a defender candidatura ao Planalto em 2014 e diz que está aberto caminho para diálogo com agronegócio, sem o qual entende ser impossível governar

Ramiro Furquim/Sul 21

Eduardo Campos estuda a possibilidade de uma aliança com a direção nacional do PPS

Porto Alegre – O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, esteve em Porto Alegre ontem (28) para uma apertada agenda política. O primeiro compromisso ocorreu às 17h15, quando o socialista visitou a sede do PPS no Rio Grande do Sul e formalizou convite de aliança ao partido. Em seguida, ele compareceu ao aniversário do deputado estadual e colega de partido Miki Breier. O último compromisso, às 19h30, foi uma palestra para o Grupo de Líderes Empresariais (LIDE), no Hotel Sheraton.

Pré-candidato à Presidência da República, Eduardo Campos conversou com a imprensa após o encontro com a direção do PPS e antes da palestra aos empresários. O socialista mantém o tom de defesa do fim da polarização entre PT e PSDB na disputa pelo Palácio do Planalto e se coloca como uma pessoa aliada a setores populares.

Ao mesmo tempo, o governador pernambucano advoga pela manutenção do atual modelo econômico, considera que as concessões de patrimônio público à iniciativa privada – como no caso dos aeroportos – já deveriam ter ocorrido há muito tempo e afirma que, em muitos aspectos, não existem incompatibilidades de seu projeto com o agronegócio.

Apesar de ainda não ter dito com todas as letras que é pré-candidato à Presidência, Campos fala abertamente sobre o projeto nacional de seu partido e diz que deseja que o PSB seja a primeira via em 2014. “Estamos construindo um novo caminho com pessoas que têm origem na luta popular brasileira, que têm compromissos sociais muito claros e entendem a necessidade de se operar uma renovação política que possibilite a melhoria da vida do povo. Alguns chamam de terceira via. Talvez, lá em outubro do próximo ano, quando as urnas se abrirem, essa seja a primeira via”, acredita.

Aliança com PPS

Eduardo Campos já conversou com a direção nacional do PPS sobre a possibilidade de uma aliança e vem repetindo o mesmo movimento em diversos estados. No Rio Grande do Sul, ele foi recebido pelas principais lideranças do partido. “Viemos trazer nosso abraço e dizer da nossa expectativa de continuar esse diálogo. A contribuição do PPS é importante e bem vinda na formulação da nossa plataforma”, considera.

O deputado estadual e presidente do PPS gaúcho Paulo Odone informa que o partido realizará um congresso neste sábado para definir quem irá apoiar na disputa presidencial. “Ele nos convidou a marchar juntos. Acredito que a grande maioria do partido tende a preferir o engajamento com o PSB e a REDE”, opinou.

Apesar da busca por aliados, Campos evitou comentar sobre a composição dos palanques estaduais para sua candidatura. O desafio do PSB em estados onde não terá candidato próprio ao governo é se aliar a nomes que aceitem defender o projeto nacional do partido. “A prioridade é o projeto nacional. O debate sobre as alianças regionais acontecerá no primeiro semestre do próximo ano e seguirá o interesse do debate nacional”, comenta.

Sobre o Rio Grande do Sul, ele comenta que existe uma aproximação com o diretório regional do PMDB – reconhecida, também, pelo presidente local do partido, o deputado estadual Edson Brum. O governador de Pernambuco ainda recordou que o senador peemedebista Pedro Simon esteve no ato de filiação de Marina Silva ao PSB.

“Gerou-se uma oportunidade de dialogar com o agronegócio”

Logo após se filiar ao PSB, Marina Silva – que teve o pedido de registro da REDE negado pelo Tribunal Superior Eleitoral – teceu algumas críticas ao agronegócio brasileiro. Tradicionalmente, a ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora sempre se posicionou de forma contrária à expansão da fronteira agrícola. O discurso de Marina é o de que é possível produzir mais sem necessariamente se abocanhar mais pedaços de terra para a agricultura em larga escala.

As posições de Marina irritaram ruralistas que flertavam com a candidatura do PSB. Questionado sobre o tema nesta quinta-feira, em Porto Alegre, Campos disse que o episódio abriu uma possibilidade de diálogo mais intenso entre os socialistas, a REDE – abrigada dentro do PSB – e os ruralistas.

“Historicamente, meu partido não tem uma relação de maior proximidade com o agronegócio. Sempre tivemos maior proximidade com a agricultura familiar, inclusive no Rio Grande do Sul. Acho que gerou-se uma oportunidade de dialogar com o agronegócio e perceber que tem aí uma possibilidade de quebrar preconceitos, de aproximar”, considerou.

Para o governador de Pernambuco, é impossível governar o país sem dialogar com esse setor. “O dobro da balança comercial é produzido no saldo da balança do agronegócio, que emprega 25% da nossa força de trabalho. Como é que você pode pretender governar o Brasil sem dialogar com esse setor? Eu e a Marina tomamos essa decisão: procuramos o setor para dialogar”, afirma

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