Polícia Federal faz operação contra deputados do PL, que suspeita de armação de Bolsonaro
Deputado, alvo pela terceira vez de mandado de busca e apreensão, diz que sua resposta “está na Bíblia”. Costa Neto tece “teoria alternativa”. “Presidente rodeado de escândalos”, diz oposição
Publicado 11/03/2022 - 18h05

São Paulo – A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta sexta-feira (11), operações de busca e apreensão tendo como alvos deputados federais do PL – Partido Liberal, de Jair Bolsonaro e uma das principais legendas do Centrão. A PF investiga suspeitas de desvios de emendas parlamentares. As ações foram autorizadas pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso. O presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, suspeita de manobra de Bolsonaro.
Entre os deputados liberais envolvidos está Josimar Maranhãozinho (MA), que é objeto desse tipo de operação pela terceira vez. Também são alvos os parlamentares Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE). Em seu Twitter, Maranhãozinho se disse inocente e invocou a Bíblia. “Com muita serenidade, contribuo com toda e qualquer explicação e solicitação da justiça, para que averiguem o que acharem necessário. Minha vida política, pública, é regada pelo trabalho, competência e seriedade. Minha resposta aos ataques, está no livro de Isaías 54:17”, escreveu. O parlamentar foi o deputado federal mais votado do Maranhão em 2018, com 195 mil votos.
Colegas parlamentares, porém, falam do tema sem considerar religião alguma. “PF cumpre mandados de busca e apreensão contra deputados do PL, partido de Bolsonaro. Novidade zero”, tuitou Ivan Valente (Psol-SP). “PL de Valdemar Costa Neto tem uma longa folha corrida de corrupção. Agora junta-se a isso o presidente chefe da familícia de roubos de uma vida inteira nas rachadinhas”. acrescentou. O senador Rogério Correia (PT-SE) também se manifestou. “ORÇAMENTO SECRETO para deputados do PL, partido de Bolsonaro. Corrupção endêmica no governo genocida”, postou (grafia original do tuíte).
Deputados federais do PL, partido de Bolsonaro, foram alvo de investigação da Polícia Federal hoje, acusados de desviar dinheiro de emendas parlamentares.
— Talíria Petrone (@taliriapetrone) March 11, 2022
Impressionante como o presidente está sempre rodeado de escândalos.
A deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) lembra que Maranhãozinho foi “flagrado no ano passado com caixas lotadas de dinheiro”. Em dezembro de 2021, no decorrer das investigações, Maranhãozinho foi flagrado manuseando e guardando grande quantidade de dinheiro em maços, em seu escritório político, em São Luís. A gravação das imagens foi autorizada também por Lewandowski. Correligionária de Sâmia, Talíria Petrone (Psol-RJ) comenta: “Impressionante como o presidente está sempre rodeado de escândalos”, referindo-se a Jair Bolsonaro.
Teoria alternativa
Porém, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, levanta uma hipótese diferente, segundo o colunista do Uol Tales Faria. Costa Neto “desconfia” que o próprio Bolsonaro esteja por trás da operação da PF. Segundo a teoria, o chefe do governo está tentando tomar o controle da legenda – à qual se filiou em novembro – usando a PF, que, desde o início de seu governo, ele tenta usar para fins próprios e de sua família, segundo diversas denúncias.
No final do mês passado, Bolsonaro exonerou o até então diretor-geral da PF, Paulo Gustavo Maiurino, e nomeou Márcio Nunes de Oliveira para o cargo. É o quarto ocupante do cargo sob o atual governo. Oliveira era o número dois do Ministério da Justiça, chefiado pelo ministro Anderson Torres. O motivo da substituição até hoje é desconhecido.
Com o diretor-geral anterior, Maiurino, 20 delegados foram afastados de postos-chave da PF. Uma delas foi a delegada Dominique de Castro Oliveira, que atuava na Interpol e cuidou diretamente dos trâmites para a extradição do blogueiro Allan dos Santos. A ordem, determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, até hoje não foi cumprida.