JOGO POLÍTICO

Bolsonaro no PL coloca governo sob a batuta do Centrão para evitar impeachment

Cientista político Paulo Níccoli Ramirez aponta que filiação contradiz o presidente em sua promessa de se afastar do fisiologismo

Alan Santos/PR
Alan Santos/PR
Ao longo de seus 30 anos na carreira política, o presidente da República chegará ao nono partido

São Paulo – O Partido Liberal (PL) anunciou nesta quarta-feira (10) que o presidente Jair Bolsonaro vai se filiar à legenda no próximo dia 22. A sigla é a que tem a maior bancada entre as agremiações que fazem parte do Centrão, cujo objetivo central é promover a troca de favores com o Palanalto para dar suporte ao governo, conforme observa o cientista político Paulo Níccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP).

“É um governo sem capacidade de governar, sem um corpo técnico suficiente. Parte dos ministérios é ocupada por membros do Centrão e hoje a grande preocupação de Bolsonaro é evitar danos maiores. Assim, eles vão fornecer mais benefícios políticos do que pensar em governar. É uma gestão que não tem mais gerência, e um presidente apenas preocupado em não sofrer impeachment”, afirmou Nícolli Ramirez a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.

Bolsonaro no PL

Ao longo de seus 30 anos na carreira política, o presidente da República chegará ao nono partido. Antes do PL, Bolsonaro teve passagens por PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP, PSC e PSL. O cientista político destaca que desde a saída do PSL, em 2019, o presidente tem encontrado dificuldades para ingressar uma nova legenda.

“Só sobrou para o PL, do Waldemar Costa Neto, um dos grandes envolvidos no Mensalão. Esse cenário mostra que Bolsonaro foi para o partido que sobrou, o único que aceitou sua presença. Porém, isso rompe parte das promessas de campanhas, como a de se afastar do Centrão e promover uma política contra corrupção. Agora, ele está num partido com membros de ficha suja, provando a contradição de Bolsonaro”, diz Paulo Nícolli Ramirez.

“Se fosse Jesus ou o diabo, o PL apoiaria qualquer um dos dois. Anos atrás, quando vimos José Alencar apoiando o PT, vimos que o partido já era fisiológico, mas ainda sem o conhecimento da participação em casos de corrupção. Hoje, é mais grave aderir ao PL do que anteriormente”, acrescentou.