Ficha suja

Parlamentares revivem ‘PowerPoint’ de Dallagnol para ironizar cassação

Opositores do agora ex-deputado também recorreram ao “Tchau, querido” para satirizar situação. Aposta em Brasília é que, após Deltan Dallagnol, Sergio Moro também tenha mandato cassado

Reprodução/Twitter
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"Agora Deltan Dallagnol tem um power point pra chamar de seu! Cassado!", ironizou Gleisi Hoffmann

São Paulo – Após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassar o mandato do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), nesta terça-feira (16), houve uma onda de reações nas redes sociais. O famoso PowerPoint de Dallagnol de 2016, apresentação do então coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, inspirou muitas postagens.

O recurso então usado para “explicar” a denúncia sem “provas mas com convicções” levou o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva à prisão por mais de 500 dias. Dallagnol, aliás, chegou a ser condenado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a indenizar Lula pela apresentação. Para os ministros, o ex-procurador usou expressões contra a honra e imagem do petista “não técnicas, como aquelas apresentadas na própria denúncia”.

Mas agora, com provas que levaram à cassação, os congressistas não deixaram por menos.

“Agora Deltan Dallagnol tem um power point pra chamar de seu! Cassado!”, ironizou a presidenta do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR). “Deixe seu TCHAU ao Dallagnol!”, reproduziu o também deputado Guilherme Boulos (Psol-SP). “Cassado. O PowerPoint que deu certo”, acrescentou a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP). O senador Humberto Costa (PT-PE) também relembrou da apresentação.

Fraude reconhecida

Para juristas e parlamentares, Dallagnol e o ex-juiz da Lava Jato protagonizaram “o maior escândalo do poder judiciário brasileiro”. Ambos foram flagrados trocando mensagem e combinando acusações que tinham como alvo, principalmente, Lula. Preso, o então ex-presidente foi impedido de concorrer às eleições em 2018, que deram vitória a Jair Bolsonaro que, por sua vez, escolheu Moro como ministro da Justiça.

Parte da troca de mensagens entre o ex-juiz e a equipe da Lava Jato foram divulgadas pelo site The Intercept Brasil, no que se convencionou chamar de Vaza Jato. O que contribuiu para os processos contra a atuação de Dallagnol, que chegou a ser condenado por dois. O ex-procurador acabou pedindo exoneração do cargo a tempo de concorrer às eleições como deputado para evitar com que fossem abertos outros 15 processos contra.

Ao julgar a conduta de Dallagnol, alvo de uma ação da Federação Brasil Esperança no Paraná (PT, PCdoB e PV), o relator do caso, ministro Benedito Gonçalves, do Tribunal Superio Eleitoral (TSE), também reconheceu que Dallagnol pediu a exoneração do cargo para evitar uma eventual punição administrativa, que poderia torná-lo inelegível e, com isso, caiu na Lei da Ficha Limpa. O voto do relator foi seguido por todos os demais ministros.

Tchau, querido

“Constata-se, assim, que o recorrido agiu para fraudar a lei, uma vez que praticou, de forma capciosa e deliberada, uma série de atos para obstar processos administrativos disciplinares contra si e, portanto, elidir a inelegibilidade”, destacou Gonçalves.

O site Sensacionalista, conhecido pelo noticiário satírico, brincou que o ex-deputado foi cassado “porque dessa vez não pôde combinar com o juiz”. Nas redes sociais, internautas também emplacar o termo “Tchau, querido”.

De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, o caso de Dallagnol também coloca em xeque o mandato de Sergio Moro, hoje senador da Paraná pelo União Brasil. Adversários políticos acreditam que ele pode perder o mandato até o final deste ano, devido a um processo movido pelo PL por suposta prática de Caixa 2. A ação contra Moro tramita no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR).