Depoimento

Moraes dá 10 dias para PF ouvir Bolsonaro sobre atos golpistas

Ex-presidente é suspeito de estimular crimes contra o Estado de Direito, após postar vídeo contestando o resultado das eleições

Natanael Alves/PL
Natanael Alves/PL
De volta ao Brasil há duas semanas, Bolsonaro tem encontros marcados com a Justiça

São Paulo – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (14) que a Policia Federal (PF) marque o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro no inquérito que apura os atos golpistas de 8 de janeiro deste ano. O depoimento deve ser realizado em até 10 dias. O prazo começa a contar a partir da notificação das partes envolvidas no processo.

A ordem do magistrado acolhe um pedido apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O inquérito busca identificar os autores intelectuais dos ataques às sedes dos Três poderes. De acordo com Moraes, o depoimento de Bolsonaro “é medida indispensável ao completo esclarecimento dos fatos investigados”.

Em 13 de janeiro, Moraes acatou um pedido da PGR e incluiu Bolsonaro no inquérito que apura a instigação dos ataques terroristas. Ele foi incluído no inquérito após a publicação de uma postagem atacando as urnas eletrônicas no dia 10 de janeiro, dois dias após os atos golpistas.

A postagem incluía um vídeo em que um procurador bolsonarista do estado de Mato Grosso do Sul, identificado como doutor Felipe Gimenez, divulga teses infundadas e já desmentidas sobre as eleições. Entre elas, a de que Lula “não teria sido eleito”, mas sim “escolhido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e TSE”. E que o povo brasileiro “não tem poder” sobre o processo de apuração dos votos. Logo depois, ele apagou a publicação.

Nesse sentido, a PGR defende a “a apuração global dos atos praticados antes e depois” do 8 de Janeiro por Bolsonaro. Além disso, os procuradores entendem que o ex-presidente “teria supostamente incitado a perpetração de crimes contra o Estado de Direito”.

Inelegibilidade à vista

Nesta semana, Bolsonaro colheu outro importante revés. Na última quarta (12), o Ministério Público Eleitoral (MPE) se manifestou a favor da condenação do ex-presidente na acusação de abuso de poder, em função da reunião com embaixadores estrangeiros.

Em julho do ano passado, ele convidou dezenas de representantes estrangeiros para a um evento no Palácio da Alvorada. Ele utilizou a residência oficial e recursos públicos para, mais uma vez, proferir ataques às urnas eletrônicas e às autoridades eleitorais do país. Assim, se condenado, Bolsonaro pode ficar inelegível por oito anos.

Já na semana passada, Bolsonaro depôs por mais de três horas aos delegados da PF sobre o escândalo das joias milionárias das quais tentou se apropriar indevidamente.

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