Silêncio

Mauro Cid fica calado em depoimento, não livra Bolsonaro e frustra aliados

Cid, próximo do clã dos bolsonaros, frustrou os extremistas com sua postura. Era esperado que ele assumisse completamente responsabilidades pelas fraudes

Reprodução/Youtube
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Cid detalhou que o dinheiro da venda dos relógios foi depositado na conta de seu pai e logo depois sacado e entregue nas mãos de Bolsonaro

São Paulo – O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento hoje (18) à Polícia Federal (PF). O homem, próximo do clã dos bolsonaros, frustrou os extremistas com sua postura. Era esperado que ele assumisse completamente responsabilidades pelas fraudes nos cartões vacinais do ex-presidente e de sua família. Contudo, o tenente-coronel Cid ficou calado durante toda a oitiva.

A operação Venire da PF, que apura as fraudes, abriu uma “caixa de pandora” para Bolsonaro. A partir das investigações, autoridades avaliam irregularidades mais graves envolvendo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o próprio ex-presidente. Contudo, o tema do depoimento de hoje era estritamente o escândalo das vacinas. A expectativa dos extremistas tinha fundamento nas penas brandas que Cid poderia enfrentar caso assumisse a responsabilidade sozinho.

Contudo, não parece que o militar está disposto ao caso. Ventila-se, inclusive, a possibilidade de uma colaboração premiada, caso os requisitos sejam validados pelo delegado responsável em parceria com o Ministério Público.

O depoimento de Cid

Cid compareceu à sede da PF às 14h21, em Brasília. Ele estava acompanhado de militares da Polícia do Exército e não teve contato com jornalistas. A oitiva durou 40 minutos. Na saída, ele manteve o silêncio.

O caso

A PF informou que foram identificadas alterações fraudulentas em dados no sistema de vacinação contra a covid-19. Segundo as investigações, havia registro no sistema de que o presidente Bolsonaro recebera duas doses da vacina, a primeira em 13 de agosto e a segunda em 14 de outubro de 2022. No entanto, a inserção desses registros retroativos no sistema do Ministério da Saúde ocorreu apenas em 21 de dezembro, pouco antes da viagem do então presidente aos Estados Unidos. No dia 22 de dezembro, o certificado de vacinação de Bolsonaro foi emitido a partir do Palácio do Planalto.