Escândalo

Funai identifica irregularidades em licitações para compra de alimentos sob o governo Bolsonaro

De acordo com a Funai, existem inconsistências no destino de alimentos para indígenas durante a crise da covid-19, na gestão Bolsonaro

ALAN SANTOS/PR
ALAN SANTOS/PR
Funai aponta indícios de possível mau uso do dinheiro público. Então, a entidade prosseguiu com a revisão de todos os contratos vigentes celebrados nos últimos anos

São Paulo – A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) revelou inconsistências nos processos licitatórios durante o governo Jair Bolsonaro (PL) para adquirir alimentos e outros produtos destinados às comunidades indígenas do país. De acordo com a fundação, a gestão anterior não considerou a adequação dos itens nas cestas básicas distribuídas durante a ação de combate à covid-19. O governo desrespeitou, assim, os costumes e hábitos alimentares das diferentes etnias.

De acordo com informações disponíveis no Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União (CGU) existem irregularidades nos valores pagos pela Funai. Os itens são, por exemplo, açúcar, achocolatado, biscoitos, arroz beneficiado, embutidos, sucos industrializados, entre outros. Eles deveriam ser distribuídos para minimizar os impactos da pandemia entre os povos indígenas.

Além da falta de consideração pelas especificidades culturais e alimentares das comunidades indígenas, a Funai aponta indícios de possível mau uso do dinheiro público. Então, a entidade prosseguiu com a revisão de todos os contratos vigentes celebrados nos últimos anos.

Bisteca desaparecida

Na última terça-feira (16), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou por meio de suas redes sociais que a Polícia Federal (PF) está investigando a compra e o destino de “toneladas de bistecas desaparecidas”. Segundo o ministro, essas bistecas deveriam chegar nos indígenas na região amazônica.

Um dos processos detalhados no Portal da Transparência diz respeito à aquisição de bistecas pela Coordenação Regional da Funai no Vale do Javari, com escritório em Atalaia do Norte (AM). No entanto, a Funai não forneceu mais informações sobre as suspeitas de desaparecimento dos produtos. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, entre 2020 e 2022, a gestão Bolsonaro comprou 19 toneladas de bistecas para serem enviadas às comunidades indígenas do Vale do Javari, no Alto Solimões (AM), mas a carne teria sido desviada e nunca chegou às comunidades indígenas.

Com informações da Agência Brasil