Confissões

Presidente do PL afirma que usa de dinheiro vivo ‘para não fiscalizarem’ e que ‘Bolsonaro não é normal’

Valdemar da Costa Neto concedeu entrevista e assumiu usar dinheiro vivo para fugir de fiscalização; ele também tentou eximir ex-presidente da participação em escândalos

Reprodução/Twitter
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"Dinheiro vivo, porque dinheiro vivo, eu, por exemplo, faço isso com funcionários meus. Você saca o dinheiro da conta do Bolsonaro e não vai ficar dando cheque para cada um"

São Paulo – O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, deu uma entrevista controversa hoje (16). Ele falou sobre seu correligionário e ex-presidente, Jair Bolsonaro. De acordo com Costa Neto, o político de extrema direita “não é uma pessoa normal”. Logo em seguida, fez um malabarismo para reverter a situação e disse que é “acima do normal”. Ele também falou sobre outros escândalos como o das joias e defendeu pagamentos em dinheiro vivo, como os da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Questionado pelos jornalistas da Globo News sobre as suspeitas de irregularidades em transações envolvendo Michelle e sua família, Costa Neto gaguejou alguns segundos. Em seguida disparou: “ela pagava para a tia dela quando tomava conta da filha dela. Dinheiro vivo, porque dinheiro vivo, eu, por exemplo, faço isso com funcionários meus. Você saca o dinheiro da conta do Bolsonaro e não vai ficar dando cheque para cada um”, disse.

Então, os jornalistas perguntaram por que não fazer pix. As suspeitas decorrem do fato de que pagamentos em dinheiro, fracionados, como foram muitos envolvendo Michelle são típicos de criminosos em esquemas como as rachadinhas. Supostamente, a ideia é de despistar as autoridades. Sobre isso, Costa Neto respondeu: “Ela (Michelle) mandava pagar o pessoal. Saca 10 mil reais. Eu saco dinheiro da minha conta todo o mês e dou para minha mulher. Não faço pix. Não usava cartão também. Fico com medo de ficarem fiscalizando e xeretando minha vida. Quanto eu gasto, quanto gasto em um restaurante”, disse.

“Não usava cartão também. Fico com medo de ficarem fiscalizando e xeretando minha vida. Quanto eu gasto, quanto gasto em um restaurante”

Valdemar da costa neto, presidente do pl

A Tragicomédia Bolsonaro

Sobre as investidas golpistas de bolsonaristas e a fuga do ex-presidente para os Estados Unidos antes mesmo do fim de seu mandato, Costa Neto disse que o extremista ficou “muito abalado”. “O Bolsonaro ficou muito abatido depois do segundo turno, não conseguiu se dirigir a essa gente. Deixou essa gente triste, porque, inclusive, muita gente pensava que ele queria que o pessoal continuasse lá e ele não queria, mas ele não falou. O Bolsonaro não é uma pessoa como nós, ele não é uma pessoa normal. Eu não estou dizendo que ele é errado ou certo”, disse.

Diretamente sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro e a influência de Bolsonaro, o presidente do PL disse que “ele tem esses problemas, tem dificuldade. O problema dele é erro de comunicação”.

A presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) classificou a entrevista como “uma tragicomédia burlesca”. “Tantas denúncias seríssimas contra Bolsonaro e sua turma e ele desdenhando, dizendo que a tomada das joias era um presentinho pro genocida, que não teve tentativa de golpe, que não é nada, que não vai colar no povo. Foi muito malabarismo pra justificar o inexplicável”, completou.

Costa Neto tentou livrar Bolsonaro de todas as formas das mais diferentes denúncias. Sobre as alterações fraudulentas nos cartões de vacinação, ele culpou o ajudante de ordens do ex-presidente, Mauro Cid. Sobre as tentativas de membros do governo de tomar joias sauditas apreendidas pela Receita Federal, Costa Neto disse que foi uma “tentativa de fazer uma surpresa” para Bolsonaro, para que as joias “não ficassem com Lula”. Na verdade, as joias são patrimônios públicos, de posse da União.


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