Farra dos imóveis

Mais uma mansão: PF pede à Justiça investigação de ex-mulher de Bolsonaro

Candidata a deputada distrital pelo PP, Ana Cristina Valle declarou ao TRT-DF ser dona da mansão que dizia que era alugada

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Ana Cristina Valle é dona de mansão no Lago Sul que no ano passado afirmava que só alugava

São Paulo – A Polícia Federal pediu à Justiça Federal a abertura de investigação sobre movimentação financeira da ex-mulher de Jair Bolsonaro. Ana Cristina Siqueira Valle admitiu ser proprietária de uma mansão em área nobre de Brasília. O imóvel – onde ela mora com Jair Renan Bolsonaro – está avaliado em R$ 2,9 milhões. A suspeita é de lavagem de dinheiro e o roteiro da história é obscuro.

Candidata a deputada distrital nas eleições pelo PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Ana Cristina declarou ao Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal que é proprietária da mansão no Lago Sul.

Mas em junho de 2021, questionada em reportagem se era dona desse imóvel, de 800 metros quadrados de área construída, ela respondeu:  “Claro que não”. Um corretor informou então que a casa estaria alugada. Segundo a escritura do imóvel, o proprietário da mansão na época era Geraldo Antônio Machado. Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) aponta que Ana transferiu R$ 867 mil para empresa de transporte de Geraldo, no DF.

Ele teria usado R$ 580 mil desse montante como entrada na casa e o restante foi financiado. Enquanto ela declara o valor da casa em R$ 829 mil, Geraldo Machado Machado declarou R$ 2,9 milhões em maio de 2021, pagos por ele, antigo proprietário.

A investigação aponta para “possível dissimulação da propriedade do bem imóvel adquirido”. Ou seja, lavagem de dinheiro. “Há indícios da utilização de terceira pessoa interposta para obtenção de financiamento imobiliário”, diz a PF.

Assessoria parlamentar e esquema de fraude

Ana Cristina “conseguiu” um cargo de assessora parlamentar da deputada federal Celina Leão (PP-DF) e nele ficou de março de 2021 a junho deste ano, quando deixou o posto para se candidatar. No ano passado, ela foi associada por um ex-funcionário doméstico a um esquema de fraude envolvendo o DPVAT, seguro pago a vítimas de acidentes de trânsito.

A mãe de Jair Renan Bolsonaro já era o objeto de investigação do Ministério Público do Rio (MP-RJ) por “rachadinha”. Pelo esquema, parlamentares contratam funcionários que não trabalham e ficam com seus salários, ou parte deles. A ex de bolsonaro é ex-chefe de gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Segundo o g1, a ex do atual presidente foi a primeira chefe de gabinete de Carlos, onde ficou de 2001 a 2008, depois de se separar de Bolsonaro.

Reportagem do UOL revelou uso de dinheiro vivo pelo clã Bolsonaro para pagar pelo menos 51 imóveis de 107 negociações feitas desde os anos 1990 até hoje. Entre os compradores, estão o presidente da República, duas ex-mulheres (entre as quais Ana Cristina) e os filhos Carlos, Eduardo e Flávio.

Questionado por jornalistas na terça-feira sobre a denúncia, o presidente respondeu: “Qual é o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel, eu não sei o que está escrito na matéria… Qual é o problema?”

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