Consertar o país

Lula propõe ‘efervescência cultural’ para criar emprego e renda

Em coletiva a canais independentes, ex-presidente prometeu criar “mutirão” reunindo artistas e trabalhadores do setor cultural. “É proibido proibir”, disse, citando célebre verso de Caetano Veloso

TVT/Reprodução
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"Estou com muita sede para fazer as coisas acontecerem nesse país", disse Lula à mídia independente

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (26) que é preciso criar empregos “de todas as formas possíveis”, para o Brasil voltar a crescer. Como um dos exemplos, ele promete resgatar os muitos setores de produção cultural, que foram abandonados e atacados durante o governo Bolsonaro. Lula sugeriu reunir artistas e trabalhadores em “mutirão para fazer uma pequena revolução cultural”. Ele disse acreditar que a cultura é um dos meios possíveis de “consertar esse país”.

“A cultura é uma fonte de geração de empregos que não tem limite”, disse Lula em entrevista à jornalistas da mídia independente. “Cada show que você faz, envolve um monte de gente. É uma infinidade de emprego que a gente pode gerar. Porque não fazer grandes investimentos na cultura? Porque não colocar esse país em efervescência na parte cultural? É uma coisa que quero fazer com muita força”, sinalizou o pré-candidato a presidente pelo PT. Para sintetizar essa proposta, ele citou verso de uma canção de Caetano Veloso, de 1968, que virou lema durante a ditadura. “É proibido proibir!”

Ao falar sobre propostas para uma política econômica, Lula afirmou já conhecer o “caminho das pedras” para a criação de empregos. Ele lembrou que, durante as gestões petistas, foram criados mais de 20 milhões de empregos com carteira assinada. Assim, ele destacou que fez a “maior política de inclusão que esse país já conheceu”, sem descuidar da responsabilidade com as contas públicas.

“Eles falam que nós quebramos o Brasil, mas não dizem que deixamos 370 bilhões em reservas internacionais. Eles não dizem que a gente tinha uma dívida pública de 65%, quando assumimos. No governo da Dilma, deixamos com 32%, em 2014. Fomos o único país do G20 que cumpriu a meta de superávit durante todo o período do nosso governo. Então não venham me falar em responsabilidade fiscal, por que isso nós temos demais.”

Dialogar para fazer mais

Lula também afirmou que, caso vença as eleições, vai governar com “muita democracia e muito respeito às instituições”. E acrescentou: “Esse povo não vai se arrepender de acreditar outra vez na democracia. Porque a democracia vai restabelecer a dignidade nesse país”.

Nesse sentido, ele afirmou que pretende refundar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, reunindo trabalhadores, empresários e representantes da sociedade civil. Assim, prometeu retomar a participação popular no desenvolvimento de políticas públicas. “Não sou eu que tenho que saber o que vou fazer para as pessoas. As pessoas que têm que dizer: ‘nós queremos que faça isso’. E sempre que eles têm chance de falar, o que eles propõem é melhor do que aquilo que um técnico propõe”, afirmou o ex-presidente.

Em seguida, ele criticou os parlamentares que aprovaram a “reforma” trabalhista, mas que nunca trabalharam numa fábrica. “Por que não chamaram os sindicalistas para discutir? Por que não chamaram os trabalhadores? Sinceramente, eu prefiro ouvir.”

“Estou com muita sede para fazer as coisas acontecerem nesse país. Quando fui eleito a primeira vez, eu dizia que não podia errar porque precisava mostrar que um metalúrgico podia fazer mais do que a elite do país. E agora minha sede é maior. Pode ficar certo disso”, ressaltou o ex-presidente.

Juventude e mulheres

Lula também afirmou que tem tido “apoio considerável” entre a juventude. Isso porque os jovens “não têm o preconceito arraigado” das pessoas mais velhas, ainda que sejam mais “críticos”. “Não basta dizer que a juventude é o futuro da nação, e depois não poder participar das conversas. Se é futuro da nação, vamos tentar fazê-los participar desde cedo”.

De acordo com o ex-presidente, as mulheres também terão um peso “excepcional” nessas eleições. “Não só porque elas são maioria, mas porque estão sendo empoderadas para muitas coisas. Temos que trabalhar com muito carinho a questão da mulher e da família”.

Por outro lado, Lula lembrou da pesada herança conservadora brasileira. Assim, ele citou que o Brasil foi um dos últimos a instituir o voto feminino. Anteriormente, também foi um dos últimos a abolir a escravidão. “Qual é a lógica desse atraso todo? Qual é a lógica de manter o povo analfabeto e sem formação durante tanto tempo?”, indagou.

Inegavelmente, Bolsonaro é fruto dessa herança conservadora e excludente. “Ele é contra tudo que é bom, que é democrático, que é um avanço para a sociedade. Ele tem um mundo próprio, muito envolvido com milicianos. Não fala em educação, mas faz apologia às armas. Mas a sociedade quer a democracia, porque é muito bom viver em paz.”

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