8M de luta

Lula: ‘Mulheres estão nas ruas por igualdade e direito à existência’

Neste 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, o ex-presidente lembra da luta delas e da violência que tirou a vida de Marielle Franco e o mandato de Dilma Rousseff

Marina Rara/bdf
Marina Rara/bdf
"Uma coisa tão cara como a vida é negada a uma mulher a cada 7 horas no Brasil. Uma mulher a cada 7 horas", afirma o ex-presidente

São Paulo – Hoje (8), Dia Internacional das Mulheres, marca a resistência e luta delas contra injustiças históricas e direitos negados. Entre as manifestações de apoio, está a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que publicou uma carta sobre o tema.

Lula destaca que as ruas de todo o país começaram a ser tomadas por mulheres nos 23 estados e no Distrito Federal. “Hoje, milhões de mulheres vão às ruas em todo o mundo lutar por bandeiras de igualdade. Elas estão nas ruas por igualdade de direitos, de salário, de oportunidades e, sobretudo, pelo direito à própria existência”, disse.

A urgência de tratar a epidemia de violência estrutural contra mulheres está no centro da carta do ex-presidente. “Uma coisa tão cara como a vida é negada a uma mulher a cada 7 horas no Brasil. Uma mulher a cada 7 horas. Esse é o número de feminicídios em nosso país, onde, apenas em 2019, o machismo assassinou 1.314 mulheres, incentivado por um governo que naturaliza a violência.”

Símbolos

Um dos símbolos da luta das mulheres é Marielle Franco. Então vereadora do Rio de Janeiro pelo Psol, ela foi assassinada no dia 14 de março de 2018. Os mandantes do crime e a relação do assassinato com milícias cariocas ainda têm tons nebulosos.

Lula lembrou de Marielle ao cobrar igualdade. “Neste dia que nos convoca à reflexão e à luta, quero lembrar de uma mulher que há 725 dias teve a vida encerrada justamente por encarnar a luta e os ideais das mulheres que sonham com um mundo mais igual: Marielle Franco.”

A questão da Marielle está ligada ao direito e à voz das mulheres. ” Buscar justiça para Marielle e por todas as Marielles que incomodam por sua força, que incomodam por saber seu lugar e fazer questão de ocupá-lo, é um dever de todos nós.”

Outro ícone da supressão de direitos e da agressividade machista, os intensos ataques e o golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016. “Eu me somo, ao lado de nosso partido que já levou uma mulher ao mais alto posto da República e é presidido por uma, na luta por um mundo onde as pessoas não sejam subjugadas por seu gênero. Em nossa busca permanente e inegociável por igualdade e justiça social”, completou Lula.

Mulheres sem terra

O ex-presidente Lula também enviou de Berlim neste domingo vídeo com mensagem às participantes do 1º Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra, em Brasília (DF). A mensagem foi gravada no monumento de homenagem à filósofa e economista Rosa Luxemburgo, no local onde ela foi assassinada em 1919 por grupos paramilitares.

“Eu sei o que ela simboliza na luta das mulheres, na luta por liberdade, igualdade, na luta contra a violência contra a mulher”, afirmou Lula, referindo-se à personagem histórica de Rosa Luxemburgo. “E hoje estou aqui no lugar em que ela, depois de sequestrada pela direita, os milicianos da época aqui na Alemanha, ela foi espancada dentro do carro mortalmente, ou seja, foi torturada, e jogada aqui”.

“A luta do povo, das mulheres no Brasil, é uma luta que não tem limites, temos de lutar todo dia, toda hora, porque a cada dia a gente precisa conquistar mais liberdade, mais direitos, sobretudo neste momento que a gente vive no Brasil. Momento em que os direitos dos trabalhadores, das mulheres, dos negros, dos índios, as conquistas ambientais estão desaparecendo por um governo dominado por uma quantidade enorme de milicianos no nosso país”, disse, para depois dar parabéns às mulheres sem terra pela luta pela liberdade. “Vocês simbolizam milhares de Rosa Luxemburgo”.


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