Em São Paulo

Lula a jovens de Heliópolis: ‘Você não têm que comprar fuzil. Têm que tirar o título e mudar a história’

Heliópolis teve o primeiro grande ato por Lula livre em 2018. Lideranças comunitárias e da juventude de vários bairros promovem reencontro

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Lula volta a Heliópolis, que teve primeira grande manifestação por Lula Livre, em abril de 2018

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta quinta-feira, 21, de um encontro com jovens da comunidade de Heliópolis, da região sudeste da capital paulista. Diversas lideranças comunitárias pegaram o microfone para lembrar políticas públicas criadas durante os governos do ex-presidente. Nesse sentido, citaram tempos de criação de empregos, de programas de acesso à universidade e à produção cultural como ferramentas de inclusão com palavras de gratidão. Mas também de cobrança.

Lula alertou para a importância da participação da juventude na política e disse que as eleições deste ano são oportunidade para mudar o curso da história. “É uma oportunidade de definir o Brasil que a gente quer. Vamos dizer para quem a gente conhece que tenha mais de 16 anos e não tem o título: não entre na do Bolsonaro. Você não tem que comprar fuzil, não tem que comprar pistola, não tem que comprar bala, não tem que comprar arma. Tire o título do eleitor e dê um tiro nas coisas ruins para a gente mudar a história desse país”, disse

O ex-presidente ressaltou que, se a juventude não participar da política, fica difícil mudar o país. “Se a juventude não se mobilizar com 18 anos, não tiver vontade, fica muito difícil mudar o país. Se você quer mudar a sua cidade, você tem que participar, tirar o título de eleitor e participar da democracia do país”, afirmou. Lula observou ainda que o título serve também para que os jovens eleger os parlamentares. “Se você não analisar o histórico das pessoas, a vida das pessoas, o que que eles fizeram, você pode sempre estar colocando uma raposa para tomar conta das galinhas. Ela não vai. Ela vai comer as galinhas”.

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Oportunidade

O ex-presidente citou avanços que o Brasil nos governos do PT, com inclusão social e redução das desigualdades. “Fizemos mais de 170 campi avançados pelo país, fizemos faculdades de Medicina em diversas cidades. As pessoas não podem ter seu acesso à educação definido pelo berço em que nasceram”, disse, lamentando a atual situação do país. “O Brasil nunca teve um presidente tão desqualificado moralmente. Um cara que não fala em emprego, não fala em educação, em cultura, ciência e tecnologia, não fala em escola técnica, em educação dos jovens, não fala em nada. Ele se alimenta do ódio que ele e a família dele transmitem todo dia pelas fake news.”

O encontro entre Lula e os jovens foi organizados pela União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (Unas). A entidade está com a campanha “Bora votar, quebrada”. Uma estudante identificada como Sabrina, da Universidade Federal do ABC, lembrou que seu processo de acesso ao ensino superior começou bem antes, com o Bolsa Família em sua história pessoal.

“Sou filha de nordestinos. Meus pais não foram alfabetizados. O Bolsa Família me ajudou muito a colocar comida no prato. Se hoje eu curso bacharelado em Políticas Públicas, na Universidade Federal do ABC, criada na gestão do governo Lula, foi justamente por políticas transversais que levaram a educação para todo o resto. Eu agradeço muito por isso”, disse, defendendo o voto da juventude.

O ex-ministro da educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse que o Brasil passa por uma revolução silenciosa com o acesso de jovens, como os de Heliópolis, à universidade. “Essa juventude é que vai transformar o Brasil para valer. É Lula chegando com uma juventude para mudar o Brasil para valer”, disse Haddad, que lidera as pesquisas na disputa pelo governo de São Paulo.

Lula livre

Fazia uma semana que Lula havia sido preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, quando uma manifestação tomou as ruas de Heliópolis. Naquele sábado, 14 de abril de 2018, a prisão política do petista foi contestada por lideres comunitários, movimentos sociais e simpatizantes do petista, que andaram pelas vielas carregando faixas e cartazes. “Enquanto o Lula não estiver livre, nós vamos para as ruas. Porque somos um povo que não temos medo de lutar”, dizia a moradora Neide Maria ao Ipiranga News. Na frente da passeata, uma faixa vermelha com letras em branco trazia a frase “Favela de Heliópolis em defesa de Lula e da democracia #EleiçãoSemLulaéFraude”.

Quinhentos e oitenta dias depois, o ex-presidente ganhou a liberdade após decisão do Supremo Tribunal Federal. O STF considerou seu algoz, o ex-juiz Sergio Moro, suspeito e incompetente para comandar processos contra Lula. Desde então, Lula já obteve 24 vitórias judiciais, em processos que sua defesa classificou como uso político do sistema de Justiça para persegui-lo, o chamado lawfare.

Assim com há quatro anos, Lula lidera todas as pesquisas eleitorais para presidente da república. Mas desta vez Lula está livre.


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