Políticas públicas

Lula: pequenas empresas voltarão a ter atenção especial

Em evento com micro, pequenos e médios empresários, candidato disse que o país está pronto para voltar a crescer. “É só tirar a tralha que tem lá e colocar a gente no lugar”

FPA/Reprodução
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Aos micro e pequenos empresários, Lula garantiu que bancos públicos, como Banco do Brasil e BNDES, serão direcionados a políticas de dinamização do setor

São Paulo – Em evento da Fundação Perseu Abramo voltado a micro, pequenos e médios empresários brasileiros, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (17) que a economia brasileira chegou à crise atual pela “incapacidade” e “falta de gestão” do governo de Jair Bolsonaro seu ministro da Economia, Paulo Guedes. O candidato completou sua análise afirmando, porém, que o Brasil tem todas as condições para “deixar de ser pequeno” globalmente. “Este país está pronto (para voltar a crescer). É só tirar essa tralha que tem lá e colocar a gente no lugar que vocês vão ver como vamos melhorar este país”, afirmou Lula no evento, realizado em São Paulo.

O ex-presidente se sensibilizou com depoimentos que ouviu de empresários relatando as dificuldades causadas pelas dívidas contraídas durante a pandemia de covid-19. A pauta foi a principal reivindicação dos discursos que o antecederam.

Em resposta, Lula garantiu que o segmento terá uma “atenção especial” na renegociação dos débitos para evitar que essas empresas sejam fechadas. “O futuro pode até esperar que a gente faça uma coisa nova, mas (antes disso), vamos levar muito em conta e muito a sério a negociação das dívidas de vocês”, afirmou.

O ex-presidente também destacou a importância do Banco do Brasil e demais bancos públicos, como o BNDES, para os pequenos negócios e disse que estes deverão retomar suas “funções sociais”. “Vamos voltar a fazer com que os bancos públicos atuem como banco públicos. Não queremos que eles deem prejuízo, mas que prestem uma função social a este país. O BNDES, por exemplo, vai ter que deixar de fazer empréstimos para grandes empresas e vai ter que se dedicar a pequenos e médios negócios,”, defendeu.

Aos empresários, o petista disse ainda que está nos seus planos criar um ministério que trate apenas deste segmento da atividade econômica e promover políticas públicas que levem o governo a comprar produtos e serviços de negócios de menor porte, como fez nos seus dois primeiros mandatos.

Ele lembrou que as medidas para dinamizar o setor durante os governos do PT foram um dos entraves para fechar o acordo comercial com a União Europeia durante a sua gestão. “Eles não queriam isso. Queriam que a gente comprasse salada da Itália e não de vocês”, citou.

Brasil pior do que em 2003

O ex-presidente disse que o Brasil enfrenta hoje situação pior do que aquela de 2003, com mais fome, mais desemprego, massa salarial menor e sem juros baratos para financiar o investimento. “A indústria automotiva está vendendo metade dos carros. A Volkswagen tem metade dos trabalhadores do que tinha. Tudo caiu pela metade. A única coisa que não caiu foi a grosseria e a falta de respeito do presidente da República, que parece viver em outro planeta e não aqui nesse país.”

Lula afirmou ainda que a união com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin fará o Brasil voltar a crescer, a criar emprego, a investir em educação, investir no grande, pequeno e médio empreendedorismo, e a gerar as oportunidades que o Brasil precisa. “O Brasil não pode continuar sendo pequeno. Quando deixamos a Presidência, esse país estava crescendo. O Brasil era respeitado, era protagonista internacional. Hoje, esse país virou pária. Eu e Alckmin não queremos governos. Nós queremos cuidar. Cuidar do povo desse país (…) Não existe outra razão de voltar a governar esse país a não ser a obsessão de provar que esse país tem jeito”, afirmou.

Diálogo ausente

Presente ao evento, Geraldo Alckmin, vice na chapa presidencial com Lula, também fez duras críticas ao atual governo Bolsonaro. Em um breve discurso, ele abordou retrocessos na atual gestão e a falta de diálogo com setores produtivos imposta pela agressividade do presidente.

Alckmin disse que no governo Bolsonaro os órgãos públicos trabalham contra o país. “A Cultura trabalha contra o artista, o Ibama é manipulado pelo governo, é contra o meio ambiente. É impressionante a situação que estamos vivendo. A economia anda de marcha a ré. O nível de endividamento, não só de empresários, mas da população de modo geral, até para poder se alimentar. A inflação não é 10%, o leite subiu 70%, o café da manhã está mais caro. Na área ambiental, o desmatamento recorde. Ninguém consegue sequer lembrar o nome do ministro da Educação.”

‘Motociatas e jet-ski’

Ele afirmou ainda que Lula é um homem de diálogo, pronto para “reconstruir as bases” para o país voltar a crescer. “Eleição é escolha e comparação. O Mário Covas [ex-governador de São Paulo, morto em 2001] dizia que o povo não erra, que ele só precisa ter todas as informações. É nosso dever levar essas informações. A democracia brasileira corre risco, essa é a grande realidade. Um governo que permanentemente trabalha contra as instituições, é confusão todos os dias, desmonte do Estado brasileiro em todas as áreas”, acusou.

“Um programa de governo democrático não se faz com motociata ou passeio de jet-ski, se faz ouvindo pessoas. Se faz ouvindo quem cria riqueza, trabalha e empreende neste País. Quanto mais ouvirmos, menos vamos errar, e essa é a característica do Lula, o homem do diálogo, de estender a mão, de ouvir e conversar”, disse Alckmin, antes de listar uma série de problemas do país, como a inflação, fome, o negacionismo e a falta de investimentos na educação.

Com CartaCapital e portal Lula